Pesquisa envolvendo doses de composto metabólico em camundongos pode ser a resposta para aumentar a fertilidade em mulheres
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Um estudo conduzido pela Universidade de Queensland, na Austrália, encontrou um método não invasivo que pode auxiliar mulheres mais velhas a engravidarem. Por meio da aplicação de um composto metabólico na dieta de camundongos, o grupo de pesquisadores conseguiu reverter o processo de envelhecimento dos óvulos dos animais — o que, consequentemente, aumentou o período fértil.
Liderada pelo professor Hayden Homer, a pesquisa tinha como objetivo principal buscar métodos alternativos para manter ou restaurar a qualidade e o número de óvulos produzidos pela população feminina com mais idade, e, dessa forma, reverter o relógio produtivo.
De acordo com Homer, a qualidade dos óvulos é um fator essencial para uma gravidez de sucesso. O pesquisador aponta que as perdas que ocorrem no processo de envelhecimento de uma mulher são resultado de uma queda nos níveis de uma molécula em particular, encontrada em células essenciais para gerar energia necessária para o crescimento do embrião.
O relógio reprodutivo dos camundongos costuma costuma apresentar falhas após o primeiro ano de idade. O declínio na qualidade dos óvulos dos roedores é um processo similar ao que ocorre na espécie humana, segundo o estudo.
A teoria dos pesquisadores era de que seria possível recriar moléculas de dinucleótido de nicotinamida e adenina (NAD) — responsável por aumentar o nível de fertilidade — por meio de doses orais de um composto precursor denominado nicotinamida mononucleotídeo (NMN).
Após quatro semanas administrando pequenas quantidades de NMN na água dos camundongos, o grupo de pesquisadores observou melhorias consideráveis na qualidade dos óvulos e presenciou um aumento no número de procriações.
De acordo com os pesquisadores da universidade australiana, atualmente as melhores chances de mulheres acima dos 40 anos engravidarem se dão por meio da fertilização in vitro de óvulos provenientes de mulheres mais jovens — o que seria um processo mais invasivo e não capaz de restaurar a qualidade dos óvulos.
Ainda em fase de experimentos clínicos, os avanços científicos encontrados pelo time de pesquisadores da Oceania pode ser uma esperança para quem tem dificuldade de engravidar após ultrapassar a marca dos 35 anos.
Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, é comum que famílias nos tempos modernos optem por ter filhos mais tarde. Entretanto, a barreira da idade vem sendo um problema para casais no mundo todo.
Segundo os dados do Instituto Nacional para Excelência em Cuidado e Saúde (Nice), do Reino Unido, a porcentagem de chances para engravidar no caso de um casal sexualmente ativo — mantendo relações sexuais ao menos duas vezes por semana — passa de 92%, entre 19 e 26 anos, para 82% após os 35 anos de idade.
É comum que mulheres a partir dos 40 anos apresentem algum problema de fertilidade que afete suas chances de uma gravidez bem-sucedida, segundo informa o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Além disso, após os 45 anos, os níveis de fertilidade caem tanto que a gravidez natural se torna quase improvável, aponta o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia.
Dois fatores são essenciais para que esses quadros ocorram: a quantidade e a qualidade dos óvulos. A partir dos 35 anos de idade, é natural que mulheres passem a produzir menos óvulos e eles tenham um decréscimo em sua qualidade, por razões hormonais.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, apontou que a idade das mulheres não é o único fator que afeta as chances de um casal gerar filhos.
O estudo feito pelos estadunidenses demonstrou que a quantidade de espermatozoides produzidos por homens mais velhos também tem impacto direto nas possibilidades de fecundação de um óvulo.
Ao analisar o relatório de 19 mil fertilizações in vitro entre 2000 e 2014, a pesquisadora Laura Dodge e sua equipe puderam observar os efeitos de uma relação entre um casal mais velho. O estudo dividiu as sujeitos avaliados em três grupos: menos de 35 anos, entre 35 e 40 anos e, por fim, entre 40 e 42 anos.
Observando as estatísticas do grupo de mulheres entre 35 e 40 anos, Dodge observou um dado curioso: a taxa de fertilidade aumentava consideravelmente ao utilizar espermatozoides de homens mais novos. Enquanto as chances de gerar um bebê giravam em torno de 54% entre casais dessa faixa de idade, a porcentagem cresceu para 70% quando eram utilizados espermatozoides de homens com menos de 30 anos.
Em mulheres com menos de 30 anos, as taxas de fertilidade permaneciam em 73% com parceiros com idade superior aos 30 e reduzia para 46% quando o homem da relação tinha entre 40 e 42 anos. Portanto, a queda na qualidade do esperma com o passar dos anos também é um fator essencial para as chances de engravidar.
Fonte: Baby Center, Science Daily, Procriar.