Além de comportamentos alimentares e herança genética, hormônios podem influenciar o desenvolvimento da hipertensão arterial
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Aldosteronismo primário. Essa é a condição segundo a qual as glândulas suprarrenais produzem mais aldosterona do que o adequado. Em excesso, esse hormônio faz com que o organismo retenha sódio e perca potássio, levando a um aumento na pressão sanguínea.
Também chamada de hiperaldosteronismo primário (HAP) ou síndrome de Conn, essa desordem tem alguns sintomas próprios, como dores de cabeça ou problemas de visão, além da própria hipertensão arterial. É mais comum em mulheres e costuma ocorrer entre os 30 e os 50 anos.
A condição não é exatamente uma novidade, mas um estudo recente conectou 22% dos casos de pressão alta ao aldosteronismo primário. Para chegar a essa conclusão, foram analisados 1.015 pacientes de quatros hospitais norte-americanos — alguns com pressão arterial normal, e o restante com graus variados de hipertensão.
Segundo um dos autores da pesquisa, Dr. Anand Vaidya, do Brigham and Women’s Hospital, em Boston (EUA), a descoberta incentiva uma reavaliação de como a pressão alta é vista pela comunidade médica.
Na linha de frente dos atendimentos médicos e na prática clínica, não é possível testar todas as possibilidades quando um paciente chega ao hospital. Como essa era considerada uma causa incomum da pressão alta, os protocolos de recebimento dos indivíduos que apresentam sintomas de pressão alta não costumam incluir, em um primeiro momento, a triagem que visa identificar o aldosteronismo primário.
Hoje, o diagnóstico acontece por meio de uma coleta de sangue feita no período da manhã, em geral com o paciente em jejum. No entanto, nesse horário os exames não são capazes de mapear a flutuação hormonal que acontece ao longo do dia; então, nem sempre o exame é exato em seus resultados.
Foi justamente mudando esse protocolo que os pesquisadores conseguiram perceber a falha na atenção à doença. O estudo submeteu os 1.015 pacientes a uma dieta rica em sódio antes de coletar amostras de urina por 24 horas. Entre os hipertensos, a taxa de presença do aldosteronismo primário foi de 22%, conforme citado, e mesmo entre os sujeitos com pressão arterial normal, 11% tinham a condição.
Em geral, o aldosteronismo primário não é levado em consideração ao se dirigir a um paciente com pressão alta, cujo tratamento acaba seguindo frequentemente o mesmo caminho medicamentoso.
Segundo os autores do estudo, isso faz com que aqueles indivíduos hipertensos que têm alterações causadas por esse hormônio só consigam identificar a doença quando ela já está em estágio avançado, prejudicando os rins.
Assim como para a hipertensão, a condição gerada pelo hormônio aldosterona também inclui na receita médica a prática de exercícios físicos e a redução de consumo de sal, além da adoção de uma rotina de alimentação saudável, mas não apenas isso.
Outra forma de combater o aldosteronismo primário é o uso de medicamentos que bloqueiam o hormônio, como espironolactona e eplerenona, que ajudam a inibir a atividade excessiva da glândula suprarrenal.
Portanto, o diagnóstico dessa condição é importantíssimo, uma vez que, mesmo que o paciente já tenha a pressão arterial alta e a trate normalmente, o risco de complicações que podem levar a problemas cardíacos e até mesmo à morte do paciente é três vezes maior no grupo que carrega a superprodução do hormônio aldosterona.
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Fontes: US News