Diversos medicamentos estão em teste para tratar o novo coronavírus responsável pela pandemia
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A ciência está tendo que correr nesse início de ano para conseguir trazer respostas à pandemia que está causando alarme no mundo todo. Até o exato momento, não temos nenhuma vacina à vista, até porque sua logística de testes e produção leva um tempo até chegar ao consumidor. Por isso, vários remédios que já são conhecidos estão sendo testados para tentar dar um alento à hospitais, governos e, logicamente, aos doentes. A OMS alerta que não adianta as pessoas tentarem correr para comprar esses remédios, já que ainda não há eficácia comprovada e alguns podem trazer problemas para quem usar sem prescrição médica.
Trazidas à tona pelo presidente americano Donald Trump, provavelmente as substâncias cloroquina e a hidroxicloroquina sejam as mais famosas no momento, mas a sua atuação já é antiga, estando há décadas no mercado, atuando normalmente no tratamento da malária, de doenças autoimunes e também de doenças reumatológicas. Agora, começou-se a associar o seu uso no combate à covid-19, principalmente por ela ser uma droga conhecida e relativamente segura, tendo alguns pacientes apresentado melhora com o uso da medicação.
Há levantamentos da aplicação desses medicamentos em um relatório vindo da China, no qual se fez uso de cloroquina em 100 pacientes infectados com o novo coronavírus, e um breve estudo feito na França, ocasião em que foi ministrada a hidroxicloroquina para 26 pacientes com a doença. Mesmo que os relatos trazidos em ambos os testes tenham mostrado uma recuperação positiva de alguns dos pacientes, não houve rigor científico nas análises, havendo mais perguntas do que respostas sobre a real eficácia desses medicamentos para o tratamento da covid-19. Assim, como ainda não há evidência científica de sua atuação contra o Sars-CoV-2, é preciso aguardar testes mais completos e sólidos – estudos esses que já estão em andamento – para saber da sua utilidade.
O Remdesivir, da empresa americana Gilead Sciences, é um medicamento desenvolvido para tratar doenças virais graves, que atua de forma a impedir que os vírus se repliquem, já que ataca uma enzima (RNA polimerase) responsável por permitir que os coronavírus se multipliquem. Foi usado inicialmente para o tratamento do vírus Ebola – sem muito sucesso – e mais recentemente em estudos laboratoriais nos coronavírus responsáveis pelo SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e pelo MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).
Nos testes com esses outros coronavírus, que são semelhantes ao Sars-CoV-2, o Remdesivir conseguiu diminuir a capacidade dos vírus infectarem as células dispostas numa placa de Petri – recipiente que se coloca microorganismos para cultura – e também foi eficiente nos testes com animais, reduzindo a quantidade do vírus presente no organismo.
Porém, o uso em seres humanos ainda não conta com testes e comprovações científicas de sua eficácia. Na China, serão testados mais de 700 pacientes com o medicamento para saber se poderá ser usado num tratamento futura contra a covid-19. Nos EUA, há o relato de um paciente que teve considerável melhora com o uso do Remdesivir, mas é muito pouco para ser levado em consideração. O que resta é aguardar os testes para saber se o medicamento será promissor no combate à nova doença.
A combinação dos compostos lopinavir e ritonavir é usada como medicamento para o tratamento de HIV. No início do surto na China, foi recomendado o uso desses dois antirretrovirais como medida para tratar o novo coronavírus, mas também sem haver testes que comprovassem a eficácia do uso. Contudo, em um estudo feito na própria China e publicado no periódico New England Journal of Medicine no dia 18 de março, foi apontado não haver melhora considerável nos pacientes de covid-19 que estavam em estado grave e passaram por tratamento com o lopinavir e ritonavir.
Uma outra forma de utilizar esses antirretrovirais tem sido a de ministrá-los junto a outro medicamento, o interferon beta, um fármaco utilizado para o tratamento de hepatite. Por ter tido bom resultado no tratamento em animais infectados com MERS, abriu a possibilidade de se unir aos compostos usados para tratar o HIV. Porém, os estudos, assim como os demais, ainda estão em fase inicial e não há ainda certeza de sua eficácia, sendo usado apenas de modo experimental e em certos casos.
Há ainda diversos outros medicamentos sendo testados no momento para saber da eficácia para o tratamento do novo coronavírus. Uma opção é o plasma sanguíneo, que usa parte do sangue de pacientes curados de uma determinada doença para ajudar na produção de anticorpos pelo organismo da pessoa doente. Em 24 de março, a Food and Drug Administration (FDA) – órgão americano responsável por promover a saúde pública – liberou que pacientes com covid-19 que estivessem em estado grave poderiam fazer uso da técnica. Agora é esperar para ver o que os testes irão revelar para ajudar no tratamento do Sars-CoV-2, principalmente pelo fato de que uma possível vacina ainda irá demorar para estar disponível.Fonte: Harvard, Live Science e New England Journal of Medicine.