Raciocínio clínico apurado e correções nas primeiras etapas de tratamento exercem função fundamental no atendimento de saúde com qualidade
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A área da Saúde, assim como os demais setores da sociedade, é passível de erro. Afinal, os profissionais que atuam nos bastidores e na linha de frente de hospitais e unidades de saúde nada mais são do que seres humanos, que lidam diariamente com incidentes e eventos adversos.
Entretanto, saber contornar os erros é uma qualidade que um profissional da Medicina necessita adquirir durante sua trajetória e, para isso, existem alguns processos que podem ser adotados a fim de facilitar essa jornada.
Isso porque grande parte dos problemas surgem ainda na etapa do diagnóstico. Portanto, possuir um bom entendimento do raciocínio clínico pode facilitar na compreensão dos processos assistenciais, diminuir a possibilidade de falhas e garantir a segurança dos pacientes.
Durante o segundo webinar da Câmara Técnica de Segurança do Paciente, do Conselho Federal de Medicina (CFM), conduzido no início do mês de outubro, Lucas Santos Zambon, membro do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), falou sobre a necessidade de instaurar um debate dentro da Medicina para a correção de falhas.
Segundo Zambon, estima-se que 12% dos eventos adversos ocorridos dentro dos hospitais e 10% das mortes hospitalares são resultados de erros no diagnóstico, além da probabilidade de 5% dos pacientes em consultas ambulatoriais receberem um diagnóstico equivocado.
Os dados apresentados são provenientes do estudo Improving Diagnosis in Health Care, criado em 2015 como uma atividade colaborativa designada a engajar os profissionais da Saúde em um debate sobre o que pode ser feito para elevar a qualidade dos atendimentos no setor.
O diagnóstico rápido e preciso, por exemplo, é um fato determinante para que uma enfermidade possa ser identificada ainda em estágio precoce e tenha mais chances de ser tratada sem gerar grandes complicações para o paciente.
Doenças como o câncer dependem muito dessa etapa do atendimento médico para elevar as chances de sobrevivência de um indivíduo, que com o diagnóstico em mãos poderá decidir junto à equipe médica qual é o caminho a ser seguido para tratar seu quadro clínico.
Apesar de as novas tecnologias começarem a participar mais ativamente dos processos de diagnóstico e tratamento de pacientes dentro da Medicina, muitas partes desse processo ainda dependem fortemente da ação humana.
Por isso, o exercício da racionalidade e da não automatização do pensamento humano é uma função árdua no ambiente médico. Ainda durante o encontro virtual promovido pelo CFM, o professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Leandro Arthur Diehl conversou com os espectadores sobre os truques que a mente aplica nos profissionais da Saúde.
De acordo com Diehl, muitos erros na Medicina ocorrem porque embora o ser humano tenha a capacidade de racionalizar, o cérebro funciona através de um reconhecimento de padrões que pode omitir informações importantes sobre o quadro de saúde de um paciente.
Sobre isso, é preciso que esse funcionário aprenda a desconfiar da sua intuição e desenvolva um pensamento crítico que o leve para caminhos mais profundos e embasados sobre as possibilidades de um caso.
Para finalizar as apresentações promovidas pelo CFM, Pedro Alejandro Gordan, do Centro Universitário São Lucas, falou sobre a falta de um processo de discussão sobre erros médicos dentro do âmbito acadêmico.
Segundo Gordan, nem 10% das 337 faculdades de Medicina no Brasil abrem espaço para que os seus alunos aprendam mais sobre a importância do raciocínio clínico de forma estruturada, o que compromete a formação desses profissionais e eleva a possibilidade de novos erros no setor da saúde.
Os pesquisadores acreditam que exista uma cultura dentro do mercado de trabalho apenas punitiva, na qual apenas se discute o fim do processo, encontram-se culpados e aplica-se uma penalidade. Entretanto, o que deveria acontecer para o desenvolvimento do setor é uma análise delicada e um debate aberto sobre cada etapa do processo, facilitando o trabalho coletivo.
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Fontes: CFM, Scielo, Hospital Moinhos, Shutterstock.