Parceria com Sírio Libanês auxiliou HC no combate à covid-19 - Summit Saúde

Parceria com Sírio Libanês auxiliou HC no combate à covid-19

26 de outubro de 2020 4 mins. de leitura

Hospital das Clínicas ampliou o número de leitos de 100 para 300 no ápice da pandemia e manteve serviços funcionando

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O combate à covid-19 apresentou desafios para instituições de saúde públicas e privadas de todo o Brasil. No final de março e início de abril, quando a pandemia estava com força total, uma parceria entre o Hospital Sírio Libanês e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) possibilitou triplicar o número de leitos e garantir o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). 

A parceria das duas instituições é antiga, mas foi intensificada durante a crise sanitária. O tema foi abordado durante bate-papo entre a vice-coordenadora de Gestão Assistencial Corporativa do Hospital das Clínicas, Anna Miethke Morais, e o gerente de Humanização e Cuidados Paliativos do Hospital Sírio Libanês, Daniel Neves Forte, mediado por Rita Lisauskas, blogueira do Estadão e colunista da Rádio Eldorado, que ocorreu no Summit Saúde 2020.

Desafio de implantação

Hospital Sírio Libanês montou equipes de profissionais de várias especialidades para ajudar Hospital das Clínicas. (Fonte: Summit Saúde Brasil 2020/Reprodução)
Hospital Sírio Libanês montou equipes de profissionais de várias especialidades para ajudar Hospital das Clínicas. (Fonte: Summit Saúde Brasil 2020/Reprodução)

Daniel Neves Forte lembra que, quando a situação da crise estava encaminhada no Sírio Libanês, o hospital pôde atender um pedido de ajuda do HC. O desafio era ampliar o número de leitos de 100 para 300. Tudo foi realizado em um período de dez dias, desde a parte jurídica, o envio de equipamentos, até a contratação da equipe médica.

No Hospital das Clínicas, não havia espaço para implantação das novas UTIs. Com isso, áreas como enfermaria e o setor de cirurgia bariátrica tiveram de ser adaptadas às pressas e receber dois caminhões, contendo respiradores, bombas e camas.

Equipe médica

Apesar de as equipes de UTI respiratória estarem sobrecarregadas, outros profissionais, como os da UTI cardiológica e do pronto-socorro, estão sendo subutilizados, pois o atendimento estava sendo quase que completamente para o tratamento à covid-19.

“Nós pegamos todos os médicos que estavam dispostos a ir para o fronte, e fomos”, conta o gerente. Além dos médicos, foram enviados 1.018 profissionais de enfermagem, que receberam um treinamento especializado para tratar das infecções por coronavírus.

Ampliação do atendimento

Hospital das Clínicas conseguiu manter atendimento para outras doenças durante ápice da crise de covid-19. (Fonte: Summit Saúde Brasil 2020/Reprodução)
Hospital das Clínicas conseguiu manter atendimento para outras doenças durante ápice da crise de covid-19. (Fonte: Summit Saúde Brasil 2020/Reprodução)

A necessidade de uma resposta rápida em dez dias foi causada pela demanda de outros locais da rede de atendimento de saúde que encaminharam pacientes para o Hospital das Clínicas, que é referência no sistema público do estado de São Paulo para procedimentos de alta complexidade. 

“Se esse projeto fosse realizado em condições normais, levaria meses para se tornar possível”, avalia Anna Miethke Morais.

Até o momento, 5 mil pacientes entre suspeitos e confirmados com covid-19 foram atendidos no complexo do Hospital das Clínicas. A instituição chegou a operar com capacidade máxima por vários dias, com 600 pacientes internados, sendo metade no setor de unidades intensivas, ampliadas graças à parceria.

Aprendizado

“O principal aprendizado que tivemos foi o de que menos é mais”, diz Forte. Quando começou a crise, os médicos ficaram muito assustados com a gravidade das infecções que eram exceção em outras doenças, mas que são regras na covid-19. 

O primeiro reflexo do profissional é tentar fazer tudo que for possível para salvar a vida do paciente, inclusive com terapias não comprovadas. “Quem sabe pouco geralmente quer usar tudo”, afirma.

Mas os médicos começaram a perceber que essa era uma atitude prejudicial. “Se você simplesmente observar e conseguir segurar a pessoa viva com o ventilador mecânico, com um pouco de nutrição, com o mais simples possível, o resultado é melhor”, avalia. Daniel Neves Forte opina que “tem de saber muita medicina para saber usar poucas ferramentas”.

As inscrições para o evento online continuam abertas e são gratuitas.

Fontes: Summit Saúde 2020.

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