Doenças raras atingem cerca de 13 milhões de pacientes, mas atualmente o SUS não conta com técnicas avançadas para o diagnóstico
Publicidade
O projeto Genomas Raros, liderado pelo Hospital Albert Einstein em parceria com o Ministério da Saúde, pretende sequenciar o genoma de milhares de brasileiros nos próximos anos. O principal objetivo da iniciativa é dar maior velocidade e aumentar a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnosticar pacientes de doenças raras.
As doenças raras abrangem um conjunto de quase 10 mil patologias, com prevalência estimada em até 6,2% da população. No Brasil, essas enfermidades podem atingir até 13 milhões de pessoas, o que representa um grande impacto nos serviços de saúde. Apesar da dimensão, o SUS não tem técnicas avançadas para o diagnóstico e tratamento dessas patologias.
O diagnóstico definitivo desses pacientes é desafiador, o que pode provocar um grande atraso na identificação das doenças e, consequentemente, levar ao aumento da taxa de mortalidade e elevar os gastos financeiros no sistema de saúde.
O projeto Genomas Raros está inserido dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional (Proaudi-SUS) e pretende sequenciar o genoma de mais de 3 mil pacientes, por meio de 17 centros de referência de doenças raras no Brasil. Pioneiro no sequenciamento genômico no SUS, o projeto utiliza uma técnica que trouxe mais velocidade e economia para diversos sistemas de saúde no mundo.
Muitas vezes, as doenças raras são subdiagnosticadas, sendo facilmente confundidas com outras enfermidades e demandando diversos tipos de exame para a identificação correta. O sequenciamento genômico poderá a aumentar a capacidade diagnóstica do SUS, além do diagnóstico mais rápido e efetivo.
A tecnologia permite avanços no diagnóstico, tratamento e até prevenção de várias enfermidades. O estudo de genes específicos, em alguns casos, pode determinar a maior predisposição de um indivíduo para determinado tipo de câncer, por exemplo.
O projeto dará apoio à criação de um banco de dados dos genomas do povo brasileiro, que servirá de base para avanços contínuos na aplicação da Medicina de precisão dentro do SUS e facilitando projetos de pesquisa na área genética.
O Genomas Raros utiliza o Sequenciamento de Nova Geração, que proporcionou um aumento exponencial da velocidade para se sequenciar o material genético, além de reduzir em mais de 10 mil vezes os custos. O Hospital Einstein é capaz de sequenciar todo o genoma de um indivíduo em menos de 20 horas. Com outras técnicas, o sequenciamento pode demorar até três semanas.
Essa revolução tecnológica permitiu avanços notáveis no diagnóstico, prevenção e tratamento de muitas condições humanas, em especial, na descoberta de novos genes em centenas de doenças raras. Essas informações permitem, além do diagnóstico preciso, o aconselhamento genético familiar, com benefícios imediatos aos familiares e consequentemente à sociedade.
O genoma completo também pode substituir vários outros exames, levando não só à diminuição do custo total com a investigação genética, mas também a uma diminuição do tempo total da jornada diagnóstica.
A partir de 2014, foi estabelecida a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças, que trouxe diretrizes para o reconhecimento de doenças raras dentro do SUS, com os objetivos de reduzir o sofrimento dos pacientes e seus familiares, diminuir a jornada ao diagnóstico e tratamento corretos, e permitir ao gestor de saúde uma disponibilização racional dos recursos.
A inclusão do sequenciamento completo de genoma na investigação de indivíduos com doenças raras, incluindo as síndromes de risco hereditário de câncer, deve complementar e expandir a política atual, aumentando significativamente a capacidade diagnóstica e permitindo avaliar em projetos futuros a custo-efetividade dessa ferramenta em vários cenários dentro do SUS.
Conheça o maior e mais relevante evento de saúde do Brasil
Fontes: Medicina SA, Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), Hospital Israelita Albert Einstein, Medical Suite, Ministério da Saúde.