UE critica Reino Unido na aprovação da vacina contra a covid-19

3 de dezembro de 2020 3 mins. de leitura
Velocidade nos processos é apontada como manobra política do primeiro-ministro Boris Johnson

Apenas dez dias após o término dos testes em larga escala, a vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech, que apresentou 95% de eficácia, foi aprovada para aplicação emergencial no Reino Unido.  

Entretanto, tal agilidade despertou dúvidas em especialistas da União Europeia, que sugerem se tratar de uma manobra política do primeiro-ministro Boris Johnson, responsável pela saída do país do bloco econômico e duramente criticado por suas ações durante a pandemia. O objetivo seria aumentar a sua popularidade.

Espera-se que, com a decisão da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA), a partir da próxima semana, as 800 mil doses já produzidas sejam distribuídas a residentes de lares de idosos, pessoas com mais de 80 anos e profissionais do setor de saúde. 

Ainda assim, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), responsável pela aprovação das substâncias em vários países do Velho Continente, expressou preocupações, já que o processo leva ao menos sete meses a partir do recebimento de dados completos – sendo que os parciais, enviados em 6 de outubro, é que foram levados em conta.

Agilidade nos processos leva União Europeia a questionar aprovação de vacina. (Fonte: Shutterstock)
Agilidade nos processos leva União Europeia a questionar aprovação de vacina. (Fonte: Shutterstock)

Expectativa mundial

Mais de 100 milhões de doses foram vendidas antecipadamente pelas companhias a 30 países, mas não serão poucos os desafios de distribuição, pois o imunizador deve ser armazenado a temperaturas inferiores a 70°C negativos para se manter estável. Por isso, Boris Johnson pediu, em entrevista ao Downing Street, que a população não se deixe “levar pelo otimismo” ou caia “na crença ingênua” de que a “luta acabou.”

Somente para o Reino Unido, serão reservadas 40 milhões de doses – o suficiente para 20 milhões de pessoas, se tudo correr bem. A questão é que, uma vez que saiam dos locais de armazenamento de hospitais, em lotes de mil doses, as vacinas podem ser movidas apenas uma vez, gerando impedimentos a distribuições em massa em um primeiro momento. 

Peter Liese, um legislador da UE, adotou um tom mais firme, dizendo que considerava a aprovação da MHRA problemática: “Recomendo que os estados membros da UE não repitam o processo da mesma forma”, ele aconselhou, segundo a Al Jazeera.

“Algumas semanas de exame completo pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) são melhores do que uma autorização apressada, de emergência, de introdução de uma vacina no mercado”, Liese complementou.

June Raine, à frente da MHRA, salientou: “Apesar de nossa velocidade, não tomamos atalho algum. Os lotes serão testados em laboratórios para que cada exemplar que saia deles tenha os mesmos altos padrões de segurança”.

Boris comemora: “A proteção gerada pelas vacinas é o que nos permitirá, de maneira definitiva, retomar nossas vidas e a economia.”

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido. (Fonte: Shutterstock)
Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido. (Fonte: Shutterstock)

Mais vacinas, mais chances

Outros imunizadores em estágio avançado de desenvolvimento são o de Oxford (de 70% a 90% de eficácia), o Sputnik V (92%) e o da Moderna (94,5%). 

Já a Coronavac será administrada na Turquia a partir de 11 de dezembro, enquanto, no Brasil, seus dados devem estar prontos neste mês para serem enviados à Anvisa. São Paulo receberá um lote de insumos para o preparo de 1 milhão de doses nesta quinta-feira (3).

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Fonte: Reuters, BBC News, Al Jazeera, Estadão, Época.

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