Segundo a Liga Brasileira de Epilepsia, doença atinge 3 milhões de brasileiros que sofrem com falta de informação
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A startup Epistemic afirmou estar desenvolvendo uma tecnologia capaz de revolucionar a medicina para pessoas que sofrem de epilepsia. Durante o programa de aceleração Samsung Creative Startups, a empresa apresentou um aparelho capaz de prever uma crise epiléptica em até 30 minutos, em média.
Em 2019, a companhia obteve sucesso no programa de apoio para a elaboração de um aplicativo de controle de epilepsia que utiliza as informações entregues por usuários sobre o cotidiano para monitorar indicadores e gerar alertas de horários e doses de medicamentos. A plataforma tem um sistema digital integrado que pode ser utilizado na comunidade médica para o compartilhamento de dados e facilitar tratamentos.
Em complemento ao Epistemic App, a empresa passou a desenvolver o Aurora, um aparelho parecido com um fone de ouvido esportivo para prever crises epiléticas. A ferramenta tem eletrodos secos capazes de realizar um encefalograma e identificar qualquer variação no cérebro que indique a possibilidade de um problema.
Após colher as informações, o objeto emite um alerta para paciente, cuidadores ou familiares que possam ajudar em uma eventual crise. De acordo com a CEO da Epistemic, Paula Gomez, o Aurora ainda está em fase de testes clínicos, mas já vem apresentando bons resultados e logo deve estar no mercado.
Para Gomez, a tecnologia surge como um complemento e uma evolução no auxílio ao controle da epilepsia pelo aplicativo, que já oferece conselhos nutricionais e dicas sobre como agir durante as crises. Além de estar disponível na Play Store, o Epistemic App tem uma versão que pode ser sincronizada com smartwatches da Samsung, facilitando a obtenção de dados sobre atividades físicas e sono.
Conforme o site da startup, o Aurora é um projeto científico com 10 anos de pesquisa e pretende ser o primeiro dispositivo do mundo a conseguir prever ataques epilépticos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a epilepsia é a condição neurológica crônica mais comum e mais grave a atingir a população mundial. Estima-se que existam cerca de 50 milhões de pessoas que sofrem com essa doença, 80% em países em desenvolvimento. No Brasil, ela acomete cerca de 3 milhões de cidadãos, segundo a Liga Brasileira de Epilepsia (LBE). De acordo com a instituição, a falta de informação sobre a doença faz com que muitos pacientes sofram preconceito ao revelarem sua condição.
A epilepsia se agrava especialmente em países de baixa e média renda, nos quais o risco de morte prematura é três vezes maior do que na população em geral. Informações da OMS indicam que a falta de acesso a serviços de saúde quando as convulsões são duradouras ou ocorrem sem período de recuperação é extremamente maléfica para os pacientes.
Além disso, situações como afogamento, ferimentos na cabeça e queimaduras são evitáveis quando existe maior difusão de informações sobre riscos e prevenção da doença.
A epilepsia é caracterizada por uma atividade elétrica anormal no cérebro, podendo causar convulsões, comportamento incomum e até perda de consciência. Apesar de atingir todas as idades, a doença tem picos em crianças e adultos com mais de 60 anos.
Segundo a OMS, 25% dos casos de epilepsia podem ser prevenidos. Entre as causas ligadas ao desenvolvimento da condição, estão lesão no momento do nascimento, lesão cerebral traumática, infecções cerebrais como meningite ou encefalite e acidente vascular cerebral.
A implementação de sistemas de controle e de profissionais qualificados em serviços de saúde maternal e neonatal, assim como a imunização da população para evitar doenças transmissíveis, deve ser buscada para diminuir os casos e a incidência de crises epilépticas graves.
A epilepsia pode ser tratada com medicamentos que atuam para evitar descargas elétricas anormais no cérebro, mas que não surtem efeitos imediatos. Dessa forma, cabe ao paciente compreender que as crises são combatidas em longo prazo e com acompanhamento médico.
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Fontes: ABE, OMS, Medicina S/A, LBE, Epistemic.