Medicina ambiental e o surgimento de novas doenças - Summit Saúde

Medicina ambiental e o surgimento de novas doenças

10 de março de 2021 4 mins. de leitura

Para os cientistas da área da ecologia da saúde, o surgimento do novo coronavírus era apenas uma questão de tempo

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Embora a pandemia do novo coronavírus tenha sido uma surpresa para grande parte da população mundial, a maioria dos cientistas e estudiosos da área já previa o surgimento dessa e de outras doenças. A vertente de estudo chamada ecologia da saúde busca entender a relação entre o meio ambiente e o surgimento de novas doenças. 

Para entender melhor a chegada desse vírus e evitar uma nova pandemia, um grupo de especialistas chineses e da Organização Mundial da Saúde (OMS) encerrou, em fevereiro de 2021, uma missão na metrópole chinesa Wuhan para tentar desvendar as causas da pandemia da covid-19

Ainda sem conclusões claras, o grupo presumiu que o Sars-CoV-2 apareceu em um primeiro animal e depois em um segundo antes de chegar ao homem. Porém, não foi possível afirmar os transmissores nem em quais circunstâncias houve o contágio.

Mas, para os cientistas da medicina ambiental, que estudam há décadas as interações humanas e as relações com o meio, o surgimento do novo coronavírus e de outras doenças é previsto há mais de 20 anos, à medida que há destruição da biodiversidade e intensificação do aquecimento global.

O que é a medicina ambiental ou ecologia da saúde?

A manutenção do meio ambiente tem relação direta com o surgimento de doenças parasitárias e infecciosas.
A manutenção do meio ambiente tem relação direta com o surgimento de doenças parasitárias e infecciosas. Fonte: (Freepik/ fongbeerredhot/Reprodução)

A medicina ambiental ou ecologia da saúde parte do princípio de que a saúde do homem só pode ser entendida ao se analisar e considerar o local onde se vive. Portanto, a população humana depende do meio ambiente e de sua manutenção. 

A engrenagem é relativamente simples: a degradação dos ecossistemas e a desregulação da biodiversidade faz os animais que não deveriam estar em contato com o ser humano buscarem alimento e abrigo em zonas urbanas, aumentando as chances de interação e, consequentemente, de contágio.

Essa ciência, portanto, analisa os meios físico, biológico, social e econômico como fatores determinantes e condicionantes para identificar doenças parasitárias e infecciosas. É o chamado conceito de multicausalidade.

Assim, esses estudos são importantes para fornecer subsídios à epidemiologia para que seja possível estabelecer programas de vigilância ambiental, tanto para prevenção de doenças quanto para seus possíveis tratamentos e mitigação. 

Por que a pandemia do novo coronavírus já era prevista por cientistas? 

A pandemia do novo coronavírus e de outras doenças poderiam ser evitadas com a conscientização ambiental
A pandemia do novo coronavírus e de outras doenças poderia ser evitada com a conscientização ambiental.Fonte: (Freepik/ towfiqu999/Reprodução)

Em entrevista à repórter investigativa francesa Marie-Monique Robin, 62 autoridades do tema de ecologia da saúde disseram que há pelo menos 20 anos eles alertam que o melhor antídoto para a proteção de uma pandemia grave é a proteção da biodiversidade. Os cientistas preveem há tempos que não apenas insetos e pássaros serão extintos, mas que a humanidade corre sérios riscos, caso nada seja feito. 

O que ocorreu em 2020 com o coronavírus já havia acontecido no fim dos anos 1990, com o aparecimento do vírus Nipah, na Malásia. O desmatamento gerou o êxodo de morcegos, que foram se abrigar perto de criadouros de porcos que acabaram sendo infectados. Depois, a doença chegou ao homem, matando centenas de malásios. 

O problema é que mesmo com tantas informações e estudos, governos e sociedade não entendem a gravidade da situação e preferem combater as consequências, e não a causa. No momento, todo o mundo está mobilizado para desenvolver vacinas e medicamentos contra a covid-19, mas a destruição da natureza segue. 

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Fontes: Scielo – Ecologia médica.

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