Cientistas detectam presença do novo coronavírus na retina humana - Summit Saúde

Cientistas detectam presença do novo coronavírus na retina humana

17 de agosto de 2021 3 mins. de leitura

Pesquisa conduzida por brasileiros ajuda a entender efeitos da covid-19 em sua forma mais grave

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Um grupo de cientistas brasileiros detectou a presença do Sars-CoV-2 na retina de pessoas infectadas com a covid-19. A descoberta pode ajudar no acompanhamento de pacientes que desenvolvem casos crônicos da doença.

Assinado por 17 pesquisadores de instituições diversas, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o estudo foi recentemente publicado no periódico acadêmico JAMA Ophthalmology e pode ajudar na compreensão da atuação do vírus em diferentes partes do corpo humano.

Um dos objetivos da pesquisa envolveu compreender uma série de “anormalidades” registradas no olho humano de pacientes com covid-19, incluindo alterações imunológicas e microvasculares. 

A presença de uma alta carga do novo coronavírus na região da retina é agora tida como a responsável por hemorragias e outros sintomas na região, o que pode resultar em sequelas leves ou de longo prazo na visão do paciente.

A detecção de hemorragia temporal subretinal, identificada pela seta, é sintoma do acúmulo do vírus na região.
A detecção de hemorragia temporal sub-retinal, identificada pela seta, é um sintoma do acúmulo do vírus na região. (Fonte: JAMA Ophthalmology/Reprodução)

Para o estudo, os pesquisadores observaram três estruturas oculares de pacientes com idades entre 69 e 78 anos que foram internados em UTIs, faleceram em decorrência de complicações da covid-19 e eram doadores de órgãos. Assim, as análises foram realizadas a partir da técnica de imunofluorescência, que identifica certas estruturas celulares e a atuação de antígenos a nível microscópico.

O que aprendemos com o estudo?

Apesar da baixa quantidade de amostras e da coleta ter sido realizada horas após o falecimento dos pacientes, o que prejudica a qualidade dos tecidos coletados, a repetição nos resultados revela apontamentos interessantes sobre a atuação do Sars-CoV-2.

De acordo com o artigo, a presença do novo coronavírus no sistema nervoso central pode significar que ele utiliza a região como uma espécie de “reservatório”, com uma concentração da carga viral que se direciona para outras regiões do corpo.

Descoberta pode ajudar em tratamentos oftalmológicos para reduzir sequelas da covid-19 no olho humano. (Fonte: Shutterstock)
Descoberta pode ajudar em tratamentos oftalmológicos para reduzir sequelas da covid-19 no olho humano. (Fonte: Shutterstock)

Esse comportamento pode ser repetido em outros órgãos, o que pode explicar casos crônicos da doença e por que ele afeta de forma mais aguda certos sistemas em relação a outros. 

Em busca de mais respostas

Entretanto, os problemas oculares não estão necessariamente relacionados com a gravidade da covid-19, pois casos de infecção e “anomalias vasculares” na região da retina podem acontecer também em casos leves da doença.

Pesquisas envolvendo um número maior de pacientes e uma observação a longo prazo devem detalhar a atuação do vírus na região ocular humana. Entretanto, a descoberta dos cientistas brasileiros é vista como essencial para confirmar a relação entre os sintomas apresentados e os danos causados pela covid-19. 

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Fonte: JAMA Ophtalmology.

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