Junto ao muco, os fios no interior das narinas também formam uma importante defesa contra o Sars-CoV-2
Publicidade
Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.
Os pelos do nariz podem causar incômodo e desconforto estético em muitas pessoas quando aparecem em excesso e estão mais longos. No entanto, eles exercem um papel essencial no combate aos resfriados e outras doenças virais, inclusive podendo auxiliar na proteção contra a covid-19.
A ideia de que os cílios no interior das narinas são essenciais para a saúde, protegendo contra inúmeros tipos de germes infecciosos, é defendida há muito tempo. Em 1896, por exemplo, a revista The Lancet publicou um estudo sobre o tema, feito por médicos ingleses. Na pesquisa, os especialistas afirmaram que os pelos pareciam funcionar como um filtro, que atua impedindo a entrada de micróbios.
Diversos estudos posteriores demonstraram resultados semelhantes, como a investigação feita por pesquisadores turcos em 2011, envolvendo 233 voluntários. Um relatório, publicado no International Archives of Allergy, indicou que as pessoas com fios nasais densos são menos propensas a ter asma, graças à filtragem feita por eles.
Localizados na entrada do nariz, os pelos fazem a retenção de pequenas partículas que chegam pelo ar, incluindo vírus, bactérias, germes, esporos etc., impedindo a entrada no organismo. Dessa forma, eles funcionam como uma primeira barreira do sistema de defesa, dificultando o avanço dos resíduos para o pulmão.
Apesar disso, os pelos nasais nem sempre conseguem reter todas as partículas suspensas no ambiente. No caso daquelas ainda menores, entra em ação o muco do nariz, ficando responsável por deter os agentes infecciosos que conseguiram ultrapassar os fios.
Esse mecanismo também desempenha um papel fundamental para evitar novos casos de covid-19. Quando um infectado pelo novo coronavírus espirra ou tosse, o Sars-CoV-2 é liberado no ambiente como um aerossol, podendo entrar no corpo de outra pessoa por meio da cavidade nasal.
Para chegar ao organismo, o vírus precisa passar pelos fios, pelo muco e pelas secreções nasais. De acordo com o professor assistente de Biologia Daniel Jung, da Briar Cliff University (Estados Unidos), uma quantidade certa de muco pode barrar a entrada do novo coronavírus, enquanto os cílios finalizam o trabalho, expulsando-o do local.
Com o avançar da idade, homens e mulheres podem se sentir desconfortáveis com a maior quantidade de fios e buscar formas de apará-los ou removê-los. Sobre isso, alguns especialistas afirmam ser um problema, abrindo as portas para microrganismos.
Já outros, como o médico David Stoddard, da Mayo Clynic, pensam não existir evidências de risco maior de infecções e alergias. Autor de um estudo sobre os efeitos do corte de pelos do nariz, em 2015, ele acredita que a remoção não cause problemas, pois as partículas minúsculas entrariam no organismo independente da ação dos fios.
Não há consenso quanto à relação entre a remoção dos pelos das narinas e o maior risco de infecções respiratórias, mas algumas situações podem danificar os cílios nasais. Entre elas, é válido destacar a exposição recorrente à poluição pesada e ao tabagismo.
Fonte: The New York Times, Sioux City Journal, Healthline.