Entenda se o imunizante contra o novo coronavírus é indicado durante a gravidez e após o parto
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A covid-19 pegou o mundo de surpresa. No início de 2020, foi possível perceber que um foco localizado logo se tornaria um problema que já soma mais de 4 milhões de mortes (13% delas no Brasil). Por isso, laboratórios e centros de pesquisa se concentraram na produção de vacinas.
Foi graças a isso que o número de casos graves e o de óbitos não foram maiores. Porém, a necessidade de imunizar de imediato a população fez os testes clínicos priorizarem os segmentos mais massivos e deixarem em aberto a segurança dos imunizantes para grupos específicos, como gestantes, puérperas e lactantes.
De acordo com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a vacinação é indicada para mulheres que estão no puerpério (45 dias após o parto) e lactantes.
A entidade indica, inclusive, que se mantenha o aleitamento após a aplicação da vacina. Um estudo conduzido na Holanda pelo médico Johannes B. Van Goudoever, publicado no Journal of Human Lactation, aponta que o leite materno é capaz de transmitir anticorpos contra a covid-19 para os bebês.
Segundo o Ministério da Saúde, a vacina para gestantes sem comorbidades a partir dos 18 anos é recomendada. Quando a informação foi publicada, em julho deste ano, isso abriu o horizonte de imunização para 2,5 milhões de mulheres.
Essa orientação dá um passo a mais em relação à indicação anterior da OMS (Organização Mundial da Saúde), que deixava a cargo de cada obstetra tomar essa decisão, considerando o caso clínico e o desejo da paciente. Em geral, os obstetras indicam a vacinação após a conclusão do primeiro trimestre, quando a gravidez está mais estável e o risco de aborto espontâneo é menor.
Segundo a Febrasgo, ainda não há estudos conclusivos em relação às grávidas, mas muitas mulheres já tomaram a vacina sem apresentar problemas.
As vacinas que usam RNA mensageiro, como a Pfizer, demonstraram não ser teratogênicas, ou seja, não estão relacionadas a má-formação e óbito fetal. Por isso, esse imunizante é indicado a gestantes, bem como a Coronavac, que usa vírus inativado.
É necessário observar, no entanto, que as vacinas da AstraZeneca e da Janssen não são recomendadas, pelo menos até o momento. Isso se deve ao fato de elas usarem vetor viral. Caso a mulher já tenha tomado a primeira dose de uma dessas vacinas e esteja grávida, deve aguardar o puerpério para aplicar a segunda dose.
Um mês após o Ministério da Saúde indicar a vacinação de gestantes, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention), dos Estados Unidos, aponta no mesmo sentido. Segundo o órgão, mulheres grávidas correm um risco maior de doenças graves e complicações na gravidez causadas pelo novo coronavírus.
Ao mesmo tempo, uma análise do órgão demonstrou que 2,5 mil gestantes vacinadas com Pfizer e Moderna (que usam RNA mensageiro) dentro das primeiras 20 semanas não tiveram um número maior de aborto espontâneo. A taxa de 13% está dentro da faixa normal, razão por que é interessante não esperar o primeiro trimestre para a vacinação.
Fonte: AP News, Febrasgo, Governo Federal, Butantan, USP, Journal of Human Lactation.