Anticorpos de lhamas podem auxiliar no tratamento da covid-19

27 de julho de 2020 3 mins. de leitura
Cientistas da Universidade de Oxford encontraram resultados promissores

A partir de imagens avançadas de raios X capturadas na instalação Diamond Light Source e na Universidade de Oxford, Reino Unido, um grupo de cientistas descobriu que anticorpos derivados de lhamas neutralizaram o Sars-CoV-2, agente causador da covid-19. Os resultados dos testes laboratoriais foram anunciados em 13 de julho, e os pesquisadores esperam que a descoberta possa, eventualmente, auxiliar no tratamento de pacientes com a forma grave da doença.

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Lhamas, camelos e alpacas produzem quantidades de anticorpos pequenos que possuem uma estrutura mais simples que a convencional – utilizados para a produção dos chamados nanocorpos. A partir desses elementos, a equipe responsável pelo estudo utilizou uma coleção de anticorpos retirados das células sanguíneas de lhamas e verificou que eles se ligam firmemente à proteína spike do novo coronavírus, impedindo-o de entrar em células humanas e interrompendo infecções. Essa ligação é completamente diferente das abordagens verificadas até então.

Lhamas podem ser poderosas aliadas no tratamento da covid-19.
Lhamas podem ser poderosas aliadas no tratamento da covid-19. (Fonte: Unsplash)

Combinação de fatores e esperança

Por enquanto, não existem vacinas ou medicamentos que curem a covid-19. Ainda assim, a transfusão de sangue em pacientes críticos, que recebem o soro com anticorpos humanos de indivíduos recuperados, demonstra grande eficácia em tratamentos.

Infelizmente, não é fácil identificar as pessoas certas com os anticorpos mais adequados, o que compromete a segurança do procedimento. Por outro lado, um produto fabricado em laboratório, como o descoberto, apresenta diversas vantagens consideráveis – como produção sob demanda e uso em etapas iniciais da condição, aumentando as chances de recuperação.

James Naismith, diretor do Instituto Rosalind Franklin e professor de Biologia Estrutural da Universidade de Oxford, explica: “Pudemos combinar um dos nanocorpos com um anticorpo humano e mostramos que a combinação era ainda mais poderosa. O procedimento é realmente útil, pois o vírus precisa mudar várias coisas ao mesmo tempo para escapar – algo realmente difícil de acontecer. Além disso, nanocorpos são capazes de funcionar como um diagnóstico poderoso”.

James Naismith, diretor do Instituto Rosalind Franklin e professor de biologia estrutural da Universidade de Oxford.
James Naismith, diretor do Instituto Rosalind Franklin e professor de biologia estrutural da Universidade de Oxford. (Fonte: Instituto Rosalind Franklin/Reprodução).

O que vem por aí

Dando continuidade às pesquisas, agora a equipe está testando anticorpos de uma das lhamas da Universidade de Reading, também do Reino Unido, retirados depois de ela ter sido imunizada com proteínas inofensivas do vírus purificado.

Batizada de Fifi, a cobaia demonstrou, em resultados preliminares, que seu sistema imune produziu diferentes anticorpos, além dos já detectados, o que possibilitará a produção de coquetéis de nanocorpos a serem aplicados contra o Sars-CoV-2.

“Nossa pesquisa é um grande exemplo de trabalho conjunto na Ciência, pois criamos, analisamos e testamos a solução em 12 semanas. Isso levou a equipe a realizar experimentos em apenas alguns dias, o que normalmente levaria meses para ser concluído. Estamos esperançosos de poder levar esse avanço aos testes pré-clínicos”, finaliza Ray Owens, professor molecular.

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Fontes: ScienceDaily.

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