Aumento de cesáreas pode prejudicar a saúde de mães e bebês

17 de março de 2020 4 mins. de leitura
Organização Mundial da Saúde alerta para o crescente número de intervenções cirúrgicas no Brasil

O excesso de cesáreas nos hospitais vem levantando discussões dentro da comunidade médica internacional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o procedimento, que anteriormente era utilizado apenas para evitar riscos, cresceu consideravelmente nos últimos 20 anos e tem sido executado em situações desnecessárias.

O que mais chama a atenção nesse momento é que, apesar de ser uma técnica criada para resolver maiores complicações na sala de parto, a quantidade de cesarianas efetuadas é muito maior do que o recomendado nos hospitais brasileiros.

No ranking de países que mais realizam partos cirúrgicos, o Brasil ficou em segundo lugar, com uma taxa de 55% de cesáreas. Na pesquisa, o País fica atrás apenas da República Dominicana. Ambos apresentam uma porcentagem de cesáreas superior ao índice médio apontado pela OMS (10% a 15%) dos casos em que uma intervenção médica é realmente necessária. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), em 2016 alguns estados do Brasil ultrapassaram a marca de 60% de cesáreas em seus partos — Goiás, Rondônia, Paraná, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta que, em algumas regiões do mundo, o índice de partos cirúrgicos chega a 84% nas redes particulares de saúde. E a epidemia de cesáreas se tornou um fator de risco para a saúde das mulheres. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina no Brasil, em cada mil casos não complicados, 20,6 mulheres morrem por problemas em uma cesariana; em partos normais, esse número cai para 1,73.

Complicações da cesárea

(Fonte: Unsplash)

De acordo com um estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Harvard, pessoas nascidas de partos cirúrgicos costumam sofrer mais com alergias, infecções, casos de asma e excesso de peso. Isso tudo pela falta de contato com as “bactérias boas”, transmitidas pelo fluido vaginal do parto normal.

Pensando no bem-estar das mulheres, os chamados partos humanizados são opções para que o número de cesáreas desnecessárias diminua no País. Em um parto desse tipo, algumas medidas simples são adotadas para oferecer mais conforto às pacientes, como o direito de ter um acompanhante de sua escolha e métodos naturais para aliviar as dores. Banho quente, alongamentos e massagens são alternativas para criar melhores condições durante o parto e substituir os anestésicos utilizados em cirurgias.

Visando reduzir o número de cesarianas pelo mundo, a OMS recomenda sessões psicoeducacionais e de treinamento de gestação para atenuar a ansiedade de mães e casais antes do nascimento do bebê. Ter uma segunda opinião médica sobre a necessidade ou não da intervenção cirúrgica no parto é um grande passo para que mudanças ocorram no sistema de saúde.

Garantia de segurança em partos normais

(Fonte: Unsplash)

Para que o índice de cesáreas diminua nos próximos anos, os partos normais devem oferecer maiores garantias de segurança para as mulheres. Um dos grandes fatores que levam as futuras mães a optarem pelos procedimentos cirúrgicos é a menor incidência de casos de violência obstétrica durante cesarianas. A violência obstétrica se caracteriza por situações em que as mulheres sofrem algum tipo de abuso físico ou psicológico.

A opinião e os desejos de uma gestante têm que ser postos em primeiro lugar na hora de planejar um parto. Portanto, a capacitação dos profissionais que atuam com partos naturais é um caminho importante para que as mulheres se sintam mais confortáveis durante todo o processo. Além do mais, o treinamento ajuda a reduzir os riscos de falha comportamental por parte da equipe médica e, consequentemente, os casos de violência obstétrica.

Fontes: Ministério da Saúde, Agência Senado, BBC, Febrasgo, OMS.

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