Borderline: conheça altos e baixos do transtorno de personalidade

1 de abril de 2020 5 mins. de leitura
O que você precisa saber sobre o transtorno que faz as pessoas irem “do céu ao inferno” de uma hora para outra

Da alegria radiante à tristeza completa de uma hora para outra, tudo acionado por pequenos gatilhos que, para muitos, podem ser considerados até banais, como uma simples pisada na bola. O sentimento sai do controle e se manifesta em gritos, palavrões e até socos.

(Fonte: Shutterstock)

Depois vem o sentimento de culpa e o medo do abandono, com a vontade de se autoflagelar, seja consumindo álcool e drogas, seja se machucando fisicamente, seja até mesmo cogitando o suicídio, tudo como autopunição. Esse é o panorama cotidiano de uma pessoa que sofre de transtorno de personalidade borderline, também conhecido como limítrofe.

Além desse constante sobe e desce emocional e da dificuldade em controlar os impulsos, o indivíduo borderline tende a levar as coisas na base do “tudo ou nada”, o que faz com que suas relações mais próximas sejam extremamente desgastantes, independentemente se com familiares, parceiros, cônjuges, amigos, colegas de trabalho ou mesmo médico e terapeuta. O comportamento se assemelha ao de um jovem rebelde e sem tolerância às frustrações, que não amadureceu seu lado afetivo ao chegar à vida adulta, condição que os especialistas chamam de “ego imaturo”.

Então, o que é borderline?

(Fonte: Shutterstock)

Um transtorno de personalidade pode ser descrito como um jeito de ser, de sentir, perceber e se relacionar com os outros e que acaba fugindo do padrão considerado saudável, causando sofrimento. Essas condições se dividem em três grupos, sendo o borderline classificado no espectro B, com os indivíduos que costumam ser taxados como difíceis, dramáticos ou imprevisíveis.

Não há estatísticas precisas sobre a incidência do transtorno no Brasil; na população mundial, é estimada em 2%. Nos ambulatórios brasileiros de psiquiatria, representa aproximadamente 20% dos pacientes, sendo que a taxa de suicídio pode chegar a alarmantes 10%, de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Curiosamente, o diagnóstico é bem mais frequente nas mulheres, o que pode ser explicado pelo fato de elas serem culturalmente mais propensas a pedir ajuda em situações de dificuldade psicológica. Outro dado importante é que a maioria dos casos de borderline é identificada em jovens adultos.

Borderline ou transtorno bipolar?

Esses transtornos podem se sobrepor, mas não é raro que sejam confundidos. Os sintomas de bipolaridade costumam aparecer em fases que podem durar semanas, como um episódio de depressão grave ou de mania, caracterizado por euforia, sentimentos de grandeza e comportamentos impulsivos. Já no borderline, as oscilações de humor são muito mais rápidas.

Sintomas do borderline

A seguir, observam-se as principais características do transtorno, que também são consideradas critérios de diagnóstico:

  • esforços desesperados para evitar a sensação de abandono ou rejeição, real ou imaginária;
  • padrão de relacionamentos instáveis e intensos, caracterizados pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização que caem constantemente em sentimentos de frustração;
  • perturbação da identidade ou instabilidade acentuada e persistente da percepção de si mesmo através da autossabotagem;
  • impulsividade compensatória em áreas potencialmente autodestrutivas, como consumo de álcool e drogas e compulsão por alimentos ou compras;
  • recorrência de comportamentos, gestos, ameaças suicidas ou comportamento automutilante;
  • sentimentos crônicos de vazio existencial ou contínua incompletude;
  • raiva intensa, inapropriada e incontrolável que dá origem a reações desproporcionais ao estímulo, geralmente seguidas de sentimento profundo de culpa;
  • paranoias e manias de perseguição sem contato com a realidade.

Como é realizado o diagnóstico?

O indivíduo deve ser avaliado por um profissional qualificado em saúde mental, que analisa o histórico e os sintomas.

Causas do borderline

Não existe uma causa única para o borderline, assim como não há uma causa específica para outros transtornos de personalidade. Alguns fatores de risco aumentam a vulnerabilidade, mas não podem ser considerados determinantes para o surgimento do quadro, como a ocorrência de casos na família, questões da fisiologia do próprio paciente e fatores ambientais que remetem a situações traumáticas, como abusos, negligência e conflitos.

Tratamento do borderline

Os medicamentos indicados pela equipe médica que acompanha o paciente podem ajudar a aliviar os sintomas depressivos, a agressividade e o excesso de perfeccionismo. Os fármacos mais receitados são antidepressivos, estabilizadores de humor, antipsicóticos e, em situações específicas, sedativos.

Além disso, recomendam-se terapias focadas em transferência, cognitivo-comportamentais, comportamentais dialéticas e familiares ou de casal.

Borderline tem cura?

Os especialistas preferem falar em “pequenas curas que se somam” para a qualidade de vida do paciente borderline, ou seja, as relações e reações ficam mais estáveis, a tolerância à frustração aumenta, a capacidade de reflexão é expandida e a vida se torna mais produtiva e satisfatória.

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