Como a ansiedade pode afetar o ambiente de trabalho?

30 de março de 2020 4 mins. de leitura
Estudo indica que a sensação de nervosismo pode influenciar negativamente a performance profissional
Profissionais da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, conduziram uma pesquisa para compreender o impacto no desempenho de professores quando seus salários não acompanham o elevado custo de vida norte-americano. Os pesquisadores realizaram uma enquete com dois mil educadores da San Francisco Unified School District (SFUSD) e constataram que eles sofrem mais com o estresse econômico do que outras classes de trabalhadores nos EUA. Com os dados obtidos pela equipe de pesquisa na região de Sanão Francisco, na Califórnia, foi possível prever comportamentos com o passar do tempo, como a presença ou a ausência em sala de aula ou a tendência de se demitir do cargo, todos relacionados com o nível de ansiedade dos participantes analisados. Em resposta veiculada no site da universidade, a pesquisadora-chefe Elise Dizon-Ross disse acreditar que o alto grau de ansiedade dos professores é capaz de influenciar suas atitudes, o que pode gerar um grande impacto nas escolas do país.
(Fonte: Shutterstock)
Com base em uma enquete realizada pela rádio americana Marketplace, a pesquisa abordava tópicos como “Quão difícil é para você pagar o aluguel de sua casa?” e “Quão complicado seria para você pagar uma despesa inesperada de US$ 1 mil?”. Com o intuito de obter um panorama da realidade financeira dos docentes e compreender como isso os fazia se sentirem ansiosos, os pesquisadores buscaram saber mais sobre receita total das famílias, gastos com empréstimos estudantis, despesas com crianças, entre outros. Em comparação com a amostra nacional obtida pela Marketplace, os números da Universidade de Stanford apontaram que os professores têm de lidar constantemente com maior ansiedade financeira. Enquanto apenas 17% dos adultos em situação empregatícia nos EUA se mostraram ansiosos sobre sua atual situação econômica, 48% dos educadores da SFUSD apontaram o saldo bancário como grande causador de estresse no fim do mês.

Resoluções

Um dos questionamentos da equipe de pesquisadores era se aspectos como raça, gênero, área de especialidade ou anos de experiência poderiam afetar os índices de ansiedade financeira dos professores. A conclusão final foi de que nenhum desses fatores era responsável direto por algum impacto significativo nos resultados do estudo, exceto um: a idade. De acordo com o trabalho realizado pela universidade norte-americana, os mais jovens tendem a receber menores salários, por isso podem expressar maior ansiedade. Além disso, quanto mais novo é um professor, menos provável é que ele divida os custos de moradia com outra pessoa. O estudo indica algumas possíveis saídas para que as escolas estadunidenses reduzam o nível de ansiedade financeira de seus trabalhadores, como aumento de salários e subsídio de moradias para os professores. A primeira saída parece a mais complicada, visto que o aumento salarial de uma classe inteira envolve muita burocracia e seria politicamente improvável. Segundo Dizon-Ross, ter de percorrer longas distâncias para chegar ao trabalho pode ser um dos fatores que mais contribuem para a ansiedade dos professores, por isso uma das saídas seria o complexo imobiliário de 100 unidades que o governo de São Francisco vem construindo para os profissionais da SFUSD até o fim de 2023. O estudo também sugere que sejam criados programas de suporte para que professores com fonte de renda única possam se preocupar menos com a situação financeira.
(Fonte: Shutterstock)

Reflexo no Brasil

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ranqueou o Brasil como o país mais ansioso do mundo: 18,6 milhões de cidadãos sofrem com algum transtorno de ansiedade. E esse número se reflete no mercado de trabalho. Uma pesquisa feita pela empresa de recrutamento e seleção Robert Half mostrou que 42% dos profissionais brasileiros sofrem com estresse e ansiedade no trabalho. Nos outros 12 países em que a pesquisa foi realizada, a média foi de 11%. Entre os motivos apontados para o elevado grau de ansiedade estavam alta carga de trabalho, prazos curtos, cumprimentos de metas e desorganização. Atualmente, as principais formas de combate ao transtorno de ansiedade são terapia psicológica e acompanhamento psiquiátrico. Fontes: Stanford, Sage Journals, Exame, IBC Coaching.
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