Como o otimismo beneficia a saúde física e mental

21 de fevereiro de 2020 4 mins. de leitura
Uma atitude positiva perante a vida pode ajudar a prevenir doenças como o câncer e doenças cardiovasculares

Adotar uma postura positiva perante a vida e os acontecimentos pode ajudar pessoas a viver mais. Pesquisas mostram que o otimismo reduz a probabilidade de um indivíduo sofrer de câncer, infecções e doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como o otimismo pode melhorar a saúde

(Fonte: Freepik)

Apesar dos esforços da ciência para mudar este quadro se concentrarem, em sua maioria, na mudança do estilo de vida da população e no abandono de hábitos deletérios, o otimismo tem sido associado a riscos reduzidos de condições crônicas de saúde.

Segundo Eric Kim, cientista do Departamento de Ciências Sociais e Comportamentais da Universidade de Harvard, “foi demonstrado em vários estudos que o otimismo está associado a um perfil lipídico mais saudável, níveis mais baixos de marcadores inflamatórios, níveis mais altos de antioxidantes séricos e melhor capacidade de resposta imune”.

O otimismo é um sentimento abstrato, que faz referência a um olhar positivo para o presente e, principalmente, para o futuro, mesmo em situações de extrema dificuldade. Para muitos psicólogos, o otimismo reflete a crença de que o resultado de eventos ou experiências ruins será positivo. Outros afirmam que o otimismo reside na maneira como as pessoas explicam as causas dos eventos, além de avaliarem experiências negativas como temporárias e não permanentes. Essa perspectiva permite que os otimistas vejam mais facilmente a possibilidade de mudança, beneficiando sua saúde física e mental.

Na tentativa de explicar como o pensamento positivo pode beneficiar a saúde do coração, três teorias parecem mais plausíveis. A primeira delas é que o otimismo impacte diretamente na maneira como o corpo funciona. Uma segunda explicação é que o otimismo está relacionando a comportamentos saudáveis, como comer bem e permanecer ativo, o que, por sua vez, melhora a saúde. Ou, ainda, é possível que o otimismo funcione através de coisas como relacionamentos sociais e outros fatores, que ajudam a proteger o organismo dos efeitos negativos do estresse.

Inimigos ocultos do coração

(Fonte: Shutterstock)

Tristeza, desânimo, fobia social, excesso ou falta de apetite. Os efeitos da depressão e da ansiedade vão muito além dos sintomas desagradáveis. Estudos mostram que estas doenças podem agravar ou desencadear, direta ou indiretamente, doenças cardiovasculares potencialmente graves.

Segundo Mary A. Whooley, professora de Medicina e Epidemiologia e Bioestatística da Universidade da Califórnia em São Francisco, “o transtorno depressivo maior é um fator de risco para o desenvolvimento de eventos incidentes de doença cardíaca coronária em pacientes saudáveis e para resultados cardiovasculares adversos em pacientes com doença cardíaca estabelecida”.

Isso porque a condição não se restringe ao aspecto mental, podendo favorecer a hipertensão, provocar alterações nas plaquetas, elevar os níveis de colesterol e prejudicar o sono, o que aumenta em significativamente a probabilidade de doenças cardíacas.

Já para Fernando Fernandes psiquiatra do Hospital do Coração, “a depressão é uma doença multissistêmica, não é uma doença apenas cerebral, sendo que um dos aspectos mais estudados atualmente é seu caráter inflamatório. Substâncias pró-inflamatórias aumentam sua concentração sanguínea durante a depressão e isso, somado ao aumento do tônus simpático, piora o prognóstico das doenças cardiovasculares”.

Contudo, o otimismo é algo que pode ser aprendido e desenvolvido. Atitudes como meditar, praticar atividades físicas regularmente, exercitar o auto-conhecimento e cercar-se de pessoas positivas pode ajudar nesta tarefa. Não se pode dizer que o pessimismo é a causa para estas doenças. No entanto, há evidências suficientes para acreditar que uma atitude otimista pode não somente evitar doenças, como facilitar a recuperação e a cura.

Fontes: Organização Pan-Americana da Saúde, Oxford Academic, National Center for Biotechnology Information, Guardian Direct, Federação Brasileira de Hospitais.

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