“Coração partido” pode realmente afetar esse órgão, aponta estudo

1 de abril de 2020 4 mins. de leitura
Estresse emocional acarreta “síndrome do coração partido” e pode causar dor

O amor é um sentimento profundo que pode trazer alegrias e tristezas a um indivíduo. Culturalmente associado ao amor, está o coração, que bombeia o sangue ao corpo humano por meio de suas batidas, sendo um de nossos órgãos mais importantes.

As dores de amor podem não ser mais tão figurativas quanto imaginávamos, pois, segundo estudos da Sociedade Europeia de Cardiologia, a dor de ter um “coração partido” pode ser real. Os sintomas podem surgir ocasionados por um grande estresse de nível traumático, tendo origem emocional, como uma decepção amorosa, um rompimento, um sofrimento, uma perda, entre outros.

O estudo publicado no site Science Daily mostra que pesquisadores fizeram exame no cérebro de 15 pessoas com a “síndrome do coração partido” e compararam-no com exames cerebrais de outras 39. Os resultados obtidos revelaram que aquelas com coração partido tinham uma comunicação menor com certas áreas do cérebro, sendo que as regiões de controle emotivo comunicaram menos às que controlam o sistema nervoso. Para Christian Templin, autor do estudo, essa falha comunicativa pode levar facilmente a um estímulo de seus sistemas nervosos autônomos, os quais controlam diretamente as frequências cardíacas.

“Síndrome do coração partido”

Essa condição é temporária e ocorre após momentos de emoções afloradas. Cerca de 90% dos casos foram registrados em mulheres com idades entre 58 e 75 anos, conforme uma publicação da Harvard Health divulga. O caso foi observado por médicos japoneses nos anos 1990, que deram o nome de “cardiomiopatia de Takotsubo“, já que as sensações levam o ventrículo esquerdo a diminuir em uma parte de sua função e assume um formato semelhante a um vaso japonês utilizado para pescar polvos, sendo: tako = polvo e tsubo = vaso ou pote.

(Fonte: Revista Portuguesa de Cardiologia/Divulgação)

Após o estresse emocional, os sintomas mais comuns são a dor torácica e a falta de ar, podendo ter tonturas ou desmaios. Dessa forma, muitas pessoas acabam confundindo o problema com infarto, já que os sintomas são parecidos.

A síndrome só pode ser diagnosticada após exames cardiológicos muito específicos, por exemplo o cateterismo — que pode indicar a não ocorrência da obstrução de artérias coronarianas. Nesses exames, também devem ser observados a ausência de algumas doenças que podem explicar as alterações no órgão.

(Fonte: Unsplash)

Como a síndrome ocorre?

A produção de adrenalina e de outros hormônios que causam estresse aumentam em nosso organismo quando ocorrem situações de forte emoção. E, a partir disso, podem interferir diretamente no funcionamento do músculo cardíaco, no qual ocorre a descarga desses hormônios na corrente sanguínea e, consequentemente, podem estreitar temporariamente as artérias que irrigam o coração. Dessa forma, o organismo produz os sintomas para avisar que algumas coisas estão fora do comum.

O que acontece, de fato, é uma paralisia passageira no ventrículo esquerdo, enquanto as outras partes funcionam normalmente. Ela ocorre durante a sístole, a contração rítmica dos ventrículos, e deixa-o sem força suficiente para ejetar o sangue por meio da aorta e a artéria pulmonar. Assim, provocando esse acúmulo de sangue no ventrículo esquerdo.

A boa notícia é que a síndrome nem sempre leva o indivíduo a óbito, como mostra a publicação da Harvard Health. Além disso, a Mayo Clinic, nos Estados Unidos, confirma que a maioria dos pacientes não são reincidentes.

Fontes: Harvard Health, ScienceDaily.

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