Brasil tem múltiplas epidemias de covid-19 em curso - Summit Saúde

Brasil tem múltiplas epidemias de covid-19 em curso

8 de julho de 2021 4 mins. de leitura

Brasil tem múltiplas epidemias de covid-19 em curso

Publicidade

Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.

O Brasil vive um de seus momentos mais difíceis desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus, e alguns estados têm sofrido bem mais do que outros. Isso é o que aponta o EPICOVID-19 BR 2, levantamento coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Mais de 133 mil pessoas participaram da pesquisa, realizada entre os dias 25 de janeiro e 24 de abril de 2021. Até então, uma pequena parcela havia sido vacinada e praticamente ninguém havia tomado a segunda dose, conforme explicação de Marcelo Nascimento Burattini, pesquisador da Unifesp e coordenador do inquérito. 

Embora 15% dos indivíduos testados já tivessem anticorpos contra o Sars-CoV-2, os índices de soropositividade eram bastante discrepantes, dependendo do lugar. 

Disparidade territorial 

De acordo com o estudo, é possível dizer que há diferentes pandemias em curso no País. No Ceará, por exemplo, o percentual de soropositivos era de 9,89% no início deste ano. Já no Amazonas, estado com a maior soroprevalência já registrada aqui, o índice chegou a 31%. 

Disparidades também foram identificadas dentro da mesma região, por exemplo no Sudeste: em torno de 19,57% da população do Rio de Janeiro tinham anticorpos contra o novo coronavírus. O percentual foi similar aos 18,73% do Espírito Santo, mas ainda foi maior do que o índice médio do estado de São Paulo, de 13%.

No estado do Rio de Janeiro, 19,57% da população tinha anticorpos contra o novo coronavírus. (Fonte: Photocarioca/Shutterstock)
No estado do Rio de Janeiro, 19,57% da população tinha anticorpos contra o novo coronavírus. (Fonte: Photocarioca/Shutterstock)

A soroprevalência média em Sorocaba e Bauru foi de 9%, menos da metade do que em Marília (20%). Em outras cidades, como São José do Rio Preto, Araçatuba, Ribeirão Preto e São José dos Campos, o percentual variou entre 13% e 15%.

Segundo Burattini, o inquérito ainda vai concluir a análise dos municípios e a ideia é que o trabalho ofereça subsídios para direcionar medidas públicas de combate à covid-19 por meio de uma nova compreensão da dinâmica da doença.

Conheça o EPICOVID-19 BR 2

Mais de 133 mil brasileiros participaram do EPICOVID 19-BR-2, que avaliou a incidência da covid-19 no País. (Fonte: Nelson Antoine/Shutterstock)
Mais de 133 mil brasileiros participaram do EPICOVID 19-BR-2, que avaliou a incidência da covid-19 no País. (Fonte: Nelson Antoine/Shutterstock)

O EPICOVID 19-BR-2 é um estudo complementar ao EPICOVID-19 BR, realizado entre 14 de maio e 30 de agosto de 2020 em quatro etapas e gerido pela equipe do programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), com o apoio do Ministério da Saúde e do projeto Todos pela Saúde, do Itaú Unibanco. 

A segunda fase tinha como objetivo determinar o percentual de assintomáticos da doença, avaliar sintomas e morbiletalidade, além de estimar o percentual de brasileiros infectados com o Sars-CoV-2 por idade, gênero, condição econômica, município e região geográfica. 

“Diferentemente dos primeiros inquéritos, todos os moradores dos domicílios sorteados participaram do estudo, o que multiplicou o número de pessoas testadas, de cerca de 33 mil para mais de 133 mil”, explicou Burattini.

Embora já seja possível identificar aspectos relevantes para o momento, como a discrepância regional entre os percentuais de soropositivos, ainda existem variáveis em avaliação devido ao número de pacientes envolvidos na amostra. 

“Os próximos passos incluem a análise completa do material obtido e a publicação dos resultados, o que deve ocorrer ao longo dos próximos meses”, disse o pesquisador. 

Não perca nenhuma novidade sobre a área da saúde no Brasil e no mundo. Inscreva-se em nossa newsletter.

Fonte: Medicina S/A.

Webstories