Casos de HIV e Aids entre idosos crescem no Brasil

22 de janeiro de 2020 4 mins. de leitura
Em 10 anos, o número de novos diagnósticos aumentou mais de 600%

O vírus do HIV pode afetar pessoas de diferentes faixas etárias, gênero e orientação sexual. De acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o número de casos de HIV entre idosos segue crescendo a cada ano — entre 2007 e 2017, o aumento foi de 657%. Apenas em 2007, foram registrados 168 novos diagnósticos entre pessoas com mais de 60 anos de idade; em 2018, 627. Mas o que esses números dizem e por que o aumento é tão grande?

Ao longo dos anos, os avanços da medicina e da tecnologia, com melhores tratamentos de reposição hormonal e para impotência, por exemplo, fazem com que os idosos vivam mais e possam ter uma vida sexual mais longa. Além disso, com tratamentos mais modernos para HIV e Aids, mais pacientes chegam à velhice com saúde e qualidade de vida.

Sexualidade e prevenção entre idosos ainda é tabu

(Foto: Unsplash)‌‌

Diversos fatores contribuem para o aumento no número de infecções por HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Porém, falar sobre sexo entre idosos ainda é um tabu, e o tema é pouco abordado até mesmo pelos médicos: muitas vezes, o exame de HIV sequer é solicitado. Além disso, as campanhas de prevenção não conversam com esse público, e isso se agrava quando se une ao fato de que essa parcela da população não foi criada em uma cultura de prevenção, por isso tem muitas dúvidas, dificuldades e preconceitos em relação à camisinha.

A situação se torna mais complexa se pensarmos que pessoas mais velhas estão, naturalmente, mais propensas a terem problemas de saúde e já têm reservas menores no sistema imune, o que se agrava com a contaminação pelo HIV. Doenças crônicas podem dificultar o tratamento e a escolha dos remédios que irão compor o coquetel.

Além disso, é necessário ter atenção redobrada com as doenças secundárias, que podem surgir por conta da baixa imunidade, como insuficiência renal, problemas cardiovasculares, perda óssea, alterações metabólicas, perdas no sistema cognitivo, doenças no fígado e tuberculose. Essa última é responsável por um terço dos óbitos de quem vive com o HIV. “De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas Para HIV/Aids (Unaids), uma em cada cinco mortes por tuberculose ocorre entre soropositivos”, segundo a Agência de Notícias da Aids.

Prevenção ajuda a combater epidemia

(Foto: Unsplash)‌‌

Diante desse cenário, torna-se fundamental que a prevenção seja discutida e propagada entre os idosos. A própria comunidade acadêmica deve estar mais atenta a esse tema não apenas na prevenção mas também no diagnóstico, já que muitos acontecem por acaso e de forma tardia. Além da camisinha, existem outras formas de prevenção que podem ajudar a combater essa epidemia.

O Ministério da Saúde criou a mandala da prevenção, uma estratégia que associa várias formas de prevenção, entre elas a realização de testes anuais (podendo variar de acordo com o caso), profilaxia pré-exposição (PrEP), profilaxia pós-exposição (PEP) e imunização contra IST para evitar a baixa imunidade, o que aumenta os riscos de contágio. Também é recomendado o uso de camisinha ou preservativo feminino em todas as relações sexuais, independentemente da idade.

Outro ponto importante é a conscientização da sociedade, que deve compreender que a sexualidade não é algo exclusivo dos jovens, entendendo a importância do uso de preservativos e demais estratégias de prevenção.

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Fontes: Pebmed, Drauzio Varella, Agência Aids.

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