Covid-19: genética pode influenciar desenvolvimento da doença - Summit Saúde

Covid-19: genética pode influenciar desenvolvimento da doença

28 de novembro de 2021 4 mins. de leitura

Estudiosos traçam teorias para tentar explicar por que algumas pessoas não são infectadas pela covid-19

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Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 80% das pessoas infectadas pela covid-19 se recuperam sem precisar de tratamento hospitalar. Cerca de 16% desenvolvem dificuldades respiratórias e ficam gravemente doentes. E ainda existem aqueles que não se infectam ou não apresentam sintomas da doença.

Sars-CoV-2 pode agir de formas diferentes de acordo com a genética do paciente. (Fonte: Corona Borealis Studio/Shutterstock/Reprodução)
Sars-CoV-2 pode agir de formas diferentes de acordo com a genética do paciente. (Fonte: Corona Borealis Studio/Shutterstock/Reprodução)

A ciência ainda não tem clareza do motivo pelo qual isso acontece, mas muitos estudos ao redor do mundo estão buscando entender esse fenômeno.

O que essas pessoas têm de diferente?

Acredita-se que algumas pessoas são geneticamente resistentes à infecção. Não se sabe exatamente o motivo, porém algumas pessoas não têm um receptor chamado ACE2 funcionante, o qual é utilizado pelo Sars-CoV-2 para entrar nas células. Cientistas — coordenados por Mary Carrington, do Frederick National Laboratory for Cancer Research, e Sunil Ahuja, da University of Texas Health Science Center, — identificaram uma rara mutação em algumas pessoas, o que reduz a expressão do gene ACE2 e diminui o risco de infecção.

Outro mecanismo que pode impedir a contaminação pelo covid-19 é o fato de alguns indivíduos apresentarem uma resposta imunológica acima do normal, especialmente nas células de dentro do nariz.

Pesquisas ao redor do mundo

Pesquisadores do mundo todo têm se empenhado em encontrar as respostas para elucidar as diferentes formas com que cada indivíduo reage ao vírus.

Um estudo realizado na Case Western Reserve University, nos Estados Unidos, procura desvendar essa questão estudando pessoas que moram com pacientes que foram acometidos pela covid-19, mas que não foram infectadas.

Algo similar vem sendo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP). No Brasil, os pesquisadores buscam entender esse fenômeno ao estudar casais chamados “discordantes”, em que um desenvolveu a doença e outro não. Nesse estudo os genes pesquisados são pertencentes ao complexo de histocompatibilidade, em que estão presentes moléculas que identificam o corpo estranho e iniciam a resposta imune.

Na Universidade Rockefeller (EUA), pesquisadores encontraram anticorpos que conseguem neutralizar seis variantes, incluindo a Delta, do vírus Sars-CoV-2.

A resposta pode vir das crianças

Já é conhecido que a maior parte das crianças, de até dez anos, quando infectadas com covid-19 apresentam sintomas leves ou são assintomáticas. Essas crianças podem transmitir o vírus, porém não ficam seriamente doentes. Elas representam uma pequena porcentagem dos infectados.

Um estudo desenvolvido em Barcelona, demonstrou que 99% das crianças com pais infectados não apresentavam sintomas ou não testavam positivo. Especialistas da área sugerem que o local onde o vírus se liga para causar a infecção não é totalmente desenvolvido nas crianças.

Outra teoria aponta que a recente administração de vacinas na infância aumenta a resposta imune em geral, o que deixaria o organismo de prontidão.

Entender o que ocorre no organismo das crianças ao entrar em contato com o Sars-CoV-2 pode auxiliar a controlar a pandemia e contribuir nas implicações geradas na sociedade após o surgimento do vírus.

O papel dos assintomáticos na pandemia

É importante esclarecer que pessoas que não apresentam sintomas da infecção pela covid-19 continuam transmitindo a doença. Nos primeiros dias de infecção o vírus se replica dentro do organismo do indivíduo. Após a carga viral crescer a pessoa passa a transmitir a outros.

Mesmo assintomáticos podem transmitir o vírus, por isso é importante manter as medidas de prevenção. (Fonte: fizkes/Shutterstock/Reprodução)
Mesmo assintomáticos podem transmitir o vírus, por isso é importante manter as medidas de prevenção. (Fonte: fizkes/Shutterstock/Reprodução)

Mesmo não tendo sintomas, o vírus pode gerar reações no organismo, como alterações nos pulmões, que só podem ser detectadas com exames de imagem. Por essas razões continua sendo importante a adoção de medidas de prevenção por toda a população.

Fonte: Nature, Idea Stream, ABC News, Instituto Butantan, Organização Pan-Americana da Saúde.

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