Infecção é rara e acomete prioritariamente pacientes imunodeprimidos
Publicidade
Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.
A diabetes já é considerada uma epidemia global. Atualmente, sabe-se que o consumo de açúcar e o sedentarismo são algumas das razões que fazem a doença ser um problema de saúde pública junto à obesidade e à hipertensão, quadros que estão relacionados.
Segundo a International Diabetes Federation (IDF) e a Organização das Nações Unidas (ONU), que estudaram países com grandes populações, de 5% a 10% das pessoas apresentam diabetes — no topo da lista encontra-se os Estados Unidos, com mais de 9% da população diagnosticada com essa síndrome metabólica.
Nesse sentido, ainda mais preocupante do que a condição são as suas complicações: má cicatrização, inflamações e déficit no funcionamento dos órgãos estão entre as mais comuns. E, agora, parece haver uma nova doença que torna os diabéticos especialmente vulneráveis: a mucormicose.
Conhecida popularmente como fungo preto, a mucormicose rinocerebral é um tipo de infecção causada por fungos e costuma ser percebida inicialmente nos seios da face, podendo atingir os olhos e o cérebro. Considerada letal em metade dos casos, em caso de cura pode ser necessária a extração do globo ocular ou de parte do tecido facial que sofreu necrose.
Esse tipo de infecção é rara e acomete principalmente pacientes imunodeprimidos, ou seja, que estão com “imunidade baixa”. Porém, recentemente constatou-se que ela atinge prioritariamente pessoas diabéticas, pois o fungo se adapta bem a ambientes acidóticos.
Consequentemente, é compatível com a cetoacidose diabética, em que o corpo não produz insulina suficiente e o sangue fica “intoxicado”. O hálito ácido é, aliás, um dos elementos do diagnóstico clínico que leva os médicos a desconfiar do mau funcionamento do pâncreas. Mas por que a Índia, que tem 5,5% de diabéticos, é o epicentro mais recente da mucormicose e não os Estados Unidos?
Segundo especialistas, o problema não reside exatamente no fato de ser diabético, mas no de a síndrome não estar sendo adequadamente tratada. Segundo a IDF, a Índia e alguns vizinhos, como o Paquistão, têm um problema de saúde pública que favorece a subnotificação da doença.
Embora haja dezenas de casos de mucormicose documentados no Brasil, o fato de haver uma estrutura de saúde pública capaz de atender doenças crônicas deve fazer a diferença.
Mesmo tendo quase 8% de diabéticos, a capilarização do Sistema Único de Saúde (SUS) e a expertise no acompanhamento de doenças crônicas da atenção primária brasileira tendem a ser um escudo importante no controle de doenças devastadoras como a mucormicose.
Fonte: BBC, Scielo.