Diagnóstico de câncer no Brasil apresenta queda durante pandemia - Summit Saúde

Diagnóstico de câncer no Brasil apresenta queda durante pandemia

29 de abril de 2021 4 mins. de leitura

Biópsias diminuíram 39% enquanto exames de câncer de colo de útero e mamografias caíram pela metade

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A pandemia de covid-19 causou queda no diagnóstico de câncer no Brasil na comparação de março a dezembro de 2020 com o mesmo período de 2019, segundo o Radar do Câncer, um levantamento feito pelo Instituto Oncoguia e pela Roche Farma Brasil, uma empresa de medicamentos e diagnósticos. Os dados foram compilados por meio do departamento de informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), responsável por coletar e disseminar informações sobre a rede pública.

De acordo com as informações do estudo, mamografias e exames citopatológicos, feitos para identificar a doença no colo do útero, caíram pela metade na rede pública de saúde. Biópsias diminuíram 39,11% no período comparado pelo levantamento. A maior queda foi registrada em abril de 2020, quando foram feitos 27,6 mil procedimentos desse tipo, enquanto em 2019 foram mais de 75,2 mil, em diminuição de 63,3%.

Índice de biópsias caiu 63% comparando abril de 2019 com o mesmo período de 2020. Fonte: Radar do Câncer/Reprodução
Índice de biópsias caiu 63% na comparação entre abril de 2019 e o mesmo período de 2020. (Fonte: Radar do Câncer/Reprodução)

Para Rafael Kaliks, oncologista clínico e diretor científico do Instituto Oncoguia, a diminuição no índice de biópsias tem grande impacto na mortalidade. “Quando vemos essa queda, entendemos que muitas pessoas estão deixando de ser diagnosticadas e tratadas, o que permite que o tumor cresça e se torne menos curável”, afirmou em release oficial da Roche.

O índice de exames do intestino, chamados de colonoscopia, também foi 36,54% menor no sistema público de saúde entre 2019 e 2020, segundo o levantamento. No comparativo dos meses, abril teve a maior queda, com 73,2% menos exames realizados. Outro tipo de diagnóstico que apresentou queda foi o de câncer de próstata, em que é realizada a dosagem de antígeno prostático específico (PSA), uma enzima capaz de identificar células tumorais. Esse tipo de procedimento diminuiu cerca de 30% entre 2019 e 2020.

De acordo com Luciana Holtz, fundadora do Instituto Oncoguia, os dados do Radar do Câncer são extremamente preocupantes: “A pandemia afetou e continua afetando profundamente o cenário do câncer. Exames, tratamentos e consultas pré-agendados foram suspensos ou cancelados, tanto a pedido do paciente como por medida de segurança adotada pelas instituições de saúde”.

Radioterapia e quimioterapia

O índice de novos pacientes iniciando tratamento de quimioterapia ou radioterapia diminuiu no comparativo de 2019 com 2020. As quedas registradas foram de 7,44% e 1,91%, respectivamente.

Cirurgias e internações

Os dados do Instituto Oncoguia e da Roche mostram que houve queda de 19,88% no número de internações no sistema público de saúde entre 2019 e 2020. As cirurgias eletivas também diminuíram 22,08%, de acordo com o levantamento.

Avaliação de especialistas

Queda no índice de exames para identificação de tumores pode gerar problemas futuros. (Fonte: Freepik)
Queda no índice de exames para identificação de tumores pode gerar problemas futuros. (Fonte: Freepik)

Diante do cenário de queda no número de exames, biópsias, tratamentos, cirurgias e internações, segundo o release oficial do Instituto Oncoguia e da Roche, o Brasil já registrava taxa de diagnóstico tardio. Contudo, a pandemia agravou a situação, e esse problema tende a aumentar.

De acordo com o estudo, essa é uma das maiores preocupações após a análise dos dados contidos no levantamento. A fundadora do Oncoguia afirmou que “apesar de termos acompanhado de perto as preocupações, os sentimentos e os cancelamentos vividos pelos pacientes com câncer durante todo esse período, os novos dados do Radar do Câncer materializam uma realidade que temos que começar a enfrentar desde agora”.

Para Patrick Eckert, presidente da Roche, a gravidade e o número de casos devem aumentar o alerta em relação à doença: “Apoiar a coleta e a análise dos dados sobre esse impacto nos coloca no caminho de traduzir essas preocupações em ações, sem deixar nem um paciente para trás, ainda mais em um momento de pandemia, em que a falta de atenção adequada pode resultar em avanço da doença”. 

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Fonte: Radar do Câncer, Roche, Instituto Oncoguia.

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