Com ampla experiência na preparação para pandemias, pneumologista traça possíveis cenários para o desenvolvimento da crise sanitária no Brasil
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O Estadão Summit Saúde 2021, que acontece de forma online e gratuita, teve sua programação aberta nesta segunda-feira (18), Dia do Médico, com a palestra do pneumologista Vin Gupta, que discutiu o futuro do fornecimento de assistência médica pós-covid-19. O evento, que acontece até sexta-feira (22), é o maior e mais importante do setor no Brasil e tem como tema o diagnóstico da saúde no futuro.
Gupta tem experiência em saúde pública e atuou nos últimos 15 anos na preparação para pandemias, com funções nas Forças Armadas dos Estados Unidos, no Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), no Fundo de Financiamento de Emergências de Pandemia do Banco Mundial e no Harvard Global Health Institute.
O médico, que é reservista do exército estadunidense e comentarista da NBC News, observou a evolução da pandemia por diferentes pontos de vista durante os últimos 20 meses. No início da crise sanitária, era difícil acreditar que o mundo chegaria a quase 12 milhões de óbitos pela doença, segundo ele. Em março de 2020, “ninguém poderia acreditar que estaríamos chegando a um número de mortes que vai fazer da covid-19 umas das piores pandemias da história”, explica o especialista.
O especialista começou a palestra apresentando as previsões da covid-19 no Brasil realizadas pela Universidade de Washington, na qual é professor de Ciências Métricas da Saúde. O País passou por uma situação difícil nos últimos oito meses, e para o futuro próximo a instituição traçou três cenários possíveis para o desenrolar da crise sanitária em território nacional.
De acordo com as estimativas, na pior das hipóteses, o Brasil deve fechar 2021 com mais de 900 mil óbitos por covid-19. Essa perspectiva considera que a vacinação não seria tão efetiva devido aos obstáculos para a imunização total da população e que as pessoas deixariam de usar máscara. O cenário considera também o aumento de mobilidade causado pela reabertura das escolas e a ocorrência de variantes.
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“Precisamos reconhecer que ainda não vencemos essa pandemia”, afirma Gupta. O médico ressalta que as coisas podem dar errado muito facilmente e cita o exemplo da Flórida, um dos estados com o maior número de aposentados nos Estados Unidos. Com grande parte da população em grupos de risco, a região conseguiu imunizar 80% das pessoas acima de 65 anos; no entanto, com a chegada da variante delta, os 20% não vacinados foram suficientes para tornar a taxa de disseminação do coronavírus, em setembro, três vezes maior que a de todo o país.
O pneumologista destaca a importância de uma abordagem correta da pandemia nos veículos de comunicação. As porcentagens da efetividade das vacinas, por exemplo, são um tema muito complexo. Gupta destaca que os números podem tratar da eficácia de prevenir os sintomas da covid-19 ou simplesmente de testar positivo para a doença, a partir de diversas variantes.
Por isso, em seu papel como comunicador e médico, ele prefere adotar uma narrativa mais simples, com mensagens como “a covid-19 mudou e se tornou mais perigosas para jovens” ou “apenas pessoas não vacinadas estão sendo internadas nos hospitais por covid-19”. Para tanto, Gupta prefere destacar imagens para promover o envolvimento do público.
Ao compartilhar histórias de pacientes, o médico tenta estimular a vacinação. “E o objetivo não é evitar ser contaminado, e sim não morrer de covid-19”, argumenta. Gupta garante que duas doses, independentemente da vacina aplicada, são o suficiente para manter as pessoas fora do hospital.
Quanto à necessidade do reforço na imunização, o médico afirma que depende de muitos fatores e ainda não há dados conclusivos. Segundo Gupta, para o controle da pandemia é mais importante que todos consigam tomar as duas doses do que receber uma eventual terceira aplicação.
A programação do Estadão Summit Saúde acontece até sexta-feira (22). Ainda dá tempo de se inscrever!
Fonte: Estadão Summit Saúde 2021.