Estudo conecta doenças pulmonares a diabetes e poluição

31 de dezembro de 2020 4 mins. de leitura
Diabéticos e moradores de regiões poluídas sofrem maior risco de contrair doenças

Um novo estudo conduzido pela Universidade Estadual de Michigan (MSU), nos Estados Unidos, encontrou uma ligação entre casos de doenças pulmonares intersticiais e pessoas diabéticas moradoras de regiões com altos índices de poluição do ar.

Chamada de doença pulmonar parenquimatosa difusa, esse tipo de enfermidade é caracterizado pela danificação das células que rodeiam os alvéolos, o que leva a uma inflamação generalizada dos pulmões.

Na visão dos pesquisadores, a descoberta é especialmente importante dado o momento atual. Em meio à pandemia de covid-19, existe uma grande preocupação da comunidade científica a respeito da convergência entre os quadros clínicos causados pela poluição do ar e a suscetibilidade ao vírus Sars-CoV-2 em diabéticos.

Perigos do ozônio

Poluição do ar pode aumentar riscos de infecções severas por covid-19 em pacientes diabéticos. (Fonte: Shutterstock)

Um estudo publicado no Environmental Health Perspectives levanta um alerta sobre os locais com altas concentrações de ozônio (O3), um gás poluente que agrava certas doenças pulmonares, como asma e rinite, que atingem as vias aéreas superiores.

Após uma análise epidemiológica detalhada, o documento sugere que os altos índices de O3 também podem causar efeitos adversos nas partes inferiores dos pulmões. Nesses casos, o paciente apresenta maior dificuldade para respirar em resultado da restrição pulmonar e da rigidez do órgão.

Essas informações somam-se ao fato de que indivíduos com diabetes do tipo 2 e resistentes à insulina são considerados “grupo de risco” para desenvolver fibrose pulmonar, que compromete boa parte da função do órgão e deixa os enfermos mais expostos a doenças com alta taxa de mortalidade.

Testes em laboratório

Para a comprovação de dados, a equipe conduzida pelos professores da MSU James Wagner e Jack Harkema optou por estudar ratos saudáveis, ratos com resistência leve à insulina e ratos com total resistência à insulina. Após repetidas exposições ao ozônio, os pesquisadores notaram que os níveis de resistência à hormona responsável pela redução da glicemia estavam diretamente ligados à severidade das inflamações pulmonares.

Os autores acreditam que esse seja o primeiro estudo a abordar a temática, com a criação de um modelo de repetição dos efeitos do ozônio em roedores. Wagner já havia apresentado evidências de que grandes concentrações do gás podem resultar em problemas na frequência cardíaca e na pressão arterial e inflamação do tecido adiposo em roedores pré-diabéticos.

Diabetes durante a pandemia

Considerados grupos de risco, diabéticos devem ter cuidados redobrados durante pandemia. (Fonte: Shutterstock)
Considerados grupos de risco, diabéticos devem ter cuidados redobrados durante a pandemia. (Fonte: Shutterstock)

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o número de pacientes com a doença no Brasil passa de 12 milhões. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que existem 422 milhões de adultos com diabetes no mundo, dos quais cerca de 90% têm o tipo 2 — quando o corpo não produz ou é resistente à insulina. A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que 642 milhões de pessoas estejam com a doença até 2040.

Apesar de não existirem dados científicos que mostrem que diabéticos são mais suscetíveis a contrair o novo coronavírus, a enfermidade é um fator de alto risco para os indivíduos com defesa debilitada pelo mau controle do corpo sobre a glicemia. A diabetes impede que o organismo se livre do vírus Sars-CoV-2 na mesma velocidade que um paciente sem a condição e faz com que o sistema imune celular tenha uma resposta ineficaz aos agentes nocivos.

A OMS tem recomendado que diabéticos evitem aglomerações, sigam as recomendações de isolamento social e, quando precisarem sair, usem máscaras e álcool em gel para frear a disseminação do vírus. Recomenda-se também que os pacientes sem necessidade de consulta emergencial substituam seus atendimentos presenciais por sessões de telemedicina e acompanhamento médico virtual.

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Fonte: Sanarmed, Novartis, Pebmed, Science Daily, Endocrino, ELF, SBD, Saúde Bem-Estar.

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