Estudo explica como a higienização das mãos pode retardar epidemias

30 de março de 2020 5 mins. de leitura
Em meio à recente pandemia de coronavírus, lavar as mãos corretamente continua sendo o principal conselho das autoridades de saúde pública para controlar a situação

Quando se trata de prevenir infecções virais, especialmente aquelas que se espalham através de gotículas de tosses e espirros, a higienização das mãos é sempre a medida de primeira linha. Em suas diretrizes sobre como prevenir a infecção pelo novo coronavírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que todos devem “lavar as mãos frequentemente com sabão e água”. Ainda assim, as pessoas continuam a duvidar de que algo tão simples quanto a higiene pessoal básica possa ter algum efeito preventivo.

Uma nova pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge, explica por que a lavagem das mãos é realmente tão útil no contexto de uma epidemia, mostrando que esse ato simples pode retardar a propagação de doenças infecciosas. Publicado na revista Risk Analysis, o estudo usou modelagem epidemiológica e simulações baseadas em dados para determinar se e como a melhor higiene pessoal pode afetar a taxa de transmissão de doenças, em especial nos aeroportos, evitando que as viagens humanas tenham participação importante na disseminação global de epidemias.

O sistema de transporte aéreo desempenha um papel crítico em tais transmissões porque é responsável por viagens humanas rápidas e de longo alcance, e os aeroportos são áreas confinadas e, geralmente, com pouca higiene.

Simulação de contágio nos aeroportos

(Fonte: Shutterstock)‌‌

A pesquisa analisou a dinâmica do contágio no transporte aéreo e elucidou o impacto das mudanças comportamentais de higiene na difusão de infecções em todo o mundo. Por meio de um modelo computacional, a mobilidade real dos viajantes aéreos foi simulada em conjunto com a propagação de uma doença infecciosa hipotética.

A simulação usou dados mundiais de tráfego aéreo para gerar uma rede mundial com os 2,5 mil aeroportos mais movimentados a partir das conexões entre eles. O estudo também considerou a localização dos terminais aéreos e as distribuições de tempo de espera orientadas por dados de indivíduos na origem, no destino e nos aeroportos de conexão. Também foi desenvolvido um modelo epidêmico compartimental para rastrear a dinâmica da reação de contágios de infecção, bem como o comportamento relacionado à lavagem das mãos dos agentes de viagem.

O impacto da higiene nos estágios iniciais de uma epidemia global foi medido a partir dos resultados da simulação nos 120 aeroportos mais movimentados, em quatro cenários:

  1. aumento do envolvimento com a lavagem das mãos de maneira homogênea em todos os aeroportos;
  2. aumento do envolvimento com a lavagem das mãos apenas na fonte da doença;
  3. aumento do envolvimento com a lavagem das mãos nos dez aeroportos mais importantes da rede mundial de transporte aéreo;
  4. aumento do envolvimento com a lavagem das mãos nos dez aeroportos mais importantes para cada fonte da doença.

O objetivo do estudo é identificar a estratégia de mitigação mais eficaz para a higiene das mãos que mais contribua para a redução do risco global de epidemias.

Higienização das mãos pode reduzir transmissão em até 69%

O resultado da pesquisa fornece evidências da eficácia da higiene das mãos nos aeroportos contra a disseminação global de infecções. Isso pode moldar a maneira como as políticas de saúde pública são implementadas com relação ao objetivo geral de mitigar possíveis crises de saúde da população. O risco de transmissão global de vírus de gripe é fortalecido pelo contato físico entre humanos e acelerado por meio de padrões de mobilidade individuais.

Aumentando o envolvimento dos viajantes com a higiene, os pesquisadores estimam que uma pandemia potencial, como a do coronavírus, pode ser inibida de 24% a 69%. A pesquisa identificou dez aeroportos que são pontos-chave para a implantação de forma econômica de uma estratégia de mitigação de transmissão, tendo a lavagem das mãos como foco. Com isso, somente nesses locais mais influentes, o risco de uma pandemia poderia cair potencialmente em até 37%.

Como lavar as mãos da forma correta

(Fonte: Shutterstock)

Os pesquisadores começaram as análises a partir de dados existentes, que indicaram que um grande número de pessoas não lava as mãos depois de usar o banheiro. Cerca de 70% higienizam as mãos, mas apenas metade o fazem da maneira correta.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) indicam que as melhores práticas para lavar as mãos incluem não apenas enxaguá-las com água, mas também aplicar sabão e limpar as palmas, as costas das mãos, entre os dedos e as unhas. Deve-se esfregar por pelo menos 20 segundos antes de enxaguar o sabão e secar as mãos com uma toalha limpa.

Fontes: MedicalNewsToday, Risk Analysis.

25760cookie-checkEstudo explica como a higienização das mãos pode retardar epidemias