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O faturamento no setor de dispositivo médico (DMs) caiu 1,5% comparando dados de 2019 com os de 2020. Essa retração ocorreu devido ao cancelamento de procedimentos e cirurgias eletivas, como também por causa de bloqueios de impostos pelos governos durante a pandemia de covid-19. Essas informações são do Boletim Econômico da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde do Brasil (ABIIS).
Segundo o documento, em 2019, o consumo aparente — soma da produção nacional e das importações, subtraindo as exportações — foi estimado em US$ 11,3 bilhões. Já em 2020, o faturamento foi de US$ 11,1 bilhões.
Em relação à produção nacional de DMs em 2020, foi observada uma queda de 22,2% em relação a 2019. Os dados também são atrelados ao cancelamento de cirurgias e procedimentos que acarretaram menor fabricação de equipamentos, materiais e suprimentos de uso médico hospitalar.
Comparação com mercado global
Mesmo com queda nesse setor no Brasil, a retração é considerada baixa em relação ao mercado global de DMs, de acordo com a ABIIS. Em 2019, o valor arrecadado em todo o mundo foi estimado em US$ 456,9 bilhões e, em 2020, o faturamento do setor ficou em US$ 442,5 bilhões, revelando uma queda de 3,2%. A ABIIS também relaciona o resultado à pandemia do coronavírus, que causou o cancelamento de diversos procedimentos médicos.
Contudo, segundo o boletim, foi observado aumento na fabricação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para profissionais da Saúde, produtos descartáveis, vestimentas e outros equipamentos, como ventiladores. Mesmo assim, o efeito da pandemia sobre o setor de DMs foi negativo na maioria dos países, de acordo com a ABIIS.
Comércio internacional
Além dos índices de produção brasileira e da avaliação de desempenho do setor no mundo, o boletim da ABIIS também apresenta dados sobre o comércio internacional de DMs, o qual registrou índices positivos.
Em 2020, as importações dos produtos renderam US$ 6,2 bilhões, isso representa um aumento de 12,9% em relação a 2019. E as exportações do setor somaram US$ 726 milhões no mesmo período comparativo, valor que equivale a um crescimento de 16,4%.
Os principais países importadores de DMs para o Brasil foram a China, com US$ 1,4 bilhões em produtos comprados, representando 23% das importações; os Estados Unidos, com aquisição de dispositivos médicos implantáveis e alcance de quase 17% das importações; Alemanha, com a compra de reagentes para diagnóstico in vitro, sendo 13,7% do total de produtos importados.
Diminuição de procedimentos médicos
Em 2020, o número de internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) diminuiu 20,5% em relação a 2019. Cerca de 462 mil pessoas foram internadas para o tratamento da covid-19 e, mesmo assim, o setor observou queda de procedimentos médicos realizados e diminuição no índice de cirurgias.
No ano passado, foram 3,7 milhões de cirurgias realizadas, esse número é 25,9% menor do que em 2019, quando foram feitos quase 5 milhões de procedimentos cirúrgicos.
Já em relação aos exames clínicos, foram registrados 773 milhões de exames pelo SUS em 2020, e 982 milhões em 2019. Os dados mostram queda de 21,2% no período comparado.
Impacto no mercado de trabalho
Como resultado da queda nos procedimentos clínicos e cancelamentos de cirurgias, houve impacto no desempenho do mercado de trabalho do setor. Conforme informações do boletim, no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, em todo o ano de 2020, foram abertas apenas 146 vagas nas atividades industriais e comerciais do setor de DMs. O total de trabalhadores nesse mercado é de mais de 142 mil, mas o crescimento registrado foi de apenas 0,1%.
Já na indústria de instrumentos e materiais para uso médico, odontológico e de artigos ópticos, foi registrado fechamento de 614 postos de trabalho de acordo com as informações do documento da ABIIS.
Expectativas para o futuro
Em relação às expectativas para o futuro, segundo o boletim, o mercado mundial de DMs espera um crescimento de 6,1% ao ano a partir de 2021, atingindo US$ 603,5 bilhões até 2031. No Brasil, espera-se uma leve recuperação em 2021, já que há registros de retomada de procedimentos médicos, consultas e cirurgias. Porém, a vacinação da população contra a covid-19 caminha em passos lentos, por isso a expectativa é de uma recuperação mais leve.
Fonte: ABIIS.