Apesar do termo cunhado, não há interação entre os vírus da covid-19 e da influenza no corpo
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Após a flexibilização nas regras de distanciamento social, surtos de gripe começaram a ser detectados em diversos países. Com a variante ômicron, que é mais transmissível, surgiram informações de pacientes infectados pelos dois vírus.
Logo popularizou-se o termo “Flurona” — uma mistura do “flu” de influenza e “rona” de coronavírus — para designar essa coinfecção. Apesar de o nome ter ganhado o mundo, cientistas não reconhecem o termo, pois ele gera confusões em relação à ação conjunta dos dois vírus. Mas o que se sabe até agora sobre a infecção simultânea por influenza e covid-19?
O vírus Influenza causa infecções das vias aéreas e sintomas bastantes similares a uma infecção por coronavírus, especialmente com os da variante ômicron. A influenza é dividida em 4 subtipos, sendo o A e o B os responsáveis pela maioria das epidemias de gripe. Uma das características desse vírus é ter muitas variantes, visto que sofrem muitas mutações, bem mais do que o coronavírus. Por isso, as vacinas da gripe devem ser atualizadas anualmente.
A variante H3N2 já é conhecida há mais de 50 anos, porém uma mutação foi descoberta em 2021, na cidade de Darwin na Austrália. A variante tem demonstrado alto poder de transmissibilidade, e causado a maioria dos surtos vistos ao redor do mundo em 2022.
A variante ômicron do coronavírus foi descoberta na África do Sul em 2021 e logo tornou-se a variante dominante pelo mundo. Sua taxa de transmissão é bem mais alta, mas aparentemente a sua letalidade é bem menor. Ainda faltam estudos conclusivos para garantir se isso se deve a alguma característica do vírus ou ao avanço da vacinação e aumento da imunidade.
No início de janeiro de 2022, Israel divulgou a descoberta de uma paciente infectada com covid-19 e gripe simultaneamente. Logo depois, diversos casos começaram a aparecer pelo mundo, inclusive no Brasil. No caso de Israel, a paciente foi internada apenas para fins de estudos e observação, uma vez que sua condição não evoluiu para nada mais grave.
Com isso popularizou-se o termo Flurona, que pode dar a falsa impressão de que os dois vírus se combinam no corpo e criam um novo tipo de infecção mais forte. A verdade, porém, é diferente disso.
Geralmente, pacientes que têm os dois vírus estão com apenas um deles em atividade. Como as vias áreas continuam excretando DNA dos vírus mesmo após a cura, é possível que um paciente com dois positivos esteja, por exemplo, apenas com coronavírus e resquícios de uma gripe já superada.
Isso pode acontecer, inclusive, pois a variante ômicron parece comprometer mais as vias aéreas do que o pulmão, o que pode responder pela sua alta taxa de transmissibilidade. Como os dois vírus são transmitidos da mesma forma, através das gotículas expelidas pela boca e pelo nariz, e como as duas epidemias estão em atividade, o risco de transmissão é alto.
Apesar de as estatísticas terem demonstrado menores taxas de letalidade do que no início da pandemia, pesquisadores sugerem redobrar os cuidados. Caso os dois vírus estejam ativos no corpo, o sistema imunológico pode ficar bastante comprometido.
Para aumentar as chances de sobrevivência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda estar com a vacinação em dia. Tanto a vacinação contra o coronavírus (que não impede a infecção pela variante ômicron), quanto a vacinação da gripe (que não impede a contaminação pela Darwin) têm demonstrado grande poder de produção de anticorpos que evitam que as infecções evoluam para casos graves.
Fonte: Revista Planeta, Scientific American, Tua Saúde.