Futuro da saúde: conheça 4 balizadores que devem moldar o setor
Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.
“A gente sonha com a utopia, mas de repente fabrica a distopia”, alertou Fabio Gandour, médico e cientista da computação, ao realizar palestra sobre o futuro da saúde no Estadão Summit Saúde 2021. O evento, considerado o mais importante e o maior do setor, discutiu os principais temas do segmento na atualidade durante uma semana de programação online e gratuita.
Gandour afirmou que todos têm uma esperança de um futuro melhor, porém é necessário construir hoje os fundamentos para tornar viável um mundo mais saudável sob o ponto de vista da saúde. Para ajudar na definição do que chamou de “uma estrada em direção ao futuro”, o cientista listou quatro balizadores que podem servir como guia.
1. Tecnologia

O transumanismo é o ponto principal da tecnologia atuando em saúde, segundo Gandour. O conceito está sendo modificado na medida que o tema avança; no passado, quando foi cunhada, a palavra representava a fusão do homem com a máquina.
O transumano de um futuro não muito distante não será uma fusão de um ser humano com uma máquina eletrônica. O corpo humano será completado ou parcialmente substituído por partes e peças de origem não humana. “O transumano é muito parecido com o replicante de Blade Runner”, comentou o cientista.
Além disso, a computação quântica proporcionará um novo desafio tecnológico. Na avaliação de Gandour, “a computação quântica tem um raciocínio com seus algoritmos que coincide muito com a necessidade de raciocínio da saúde”.
2. Profissionais

No futuro, os profissionais de saúde terão de lidar com a busca da informação para poder completar sua formação, que precisará transformar o conhecimento cognitivo em conteúdo psicomotor. “O uso de um robô cirúrgico, por exemplo, demanda não só conhecimento cognitivo, mas também habilidade psicomotora, que requer treinamento”, explicou o cientista.
3. População

O médico destacou que a comunicação de saúde precisa ser mais incisiva para ter aderência populacional. Citando o exemplo da expressão “isolamento social”, difundida durante a pandemia, Gandour sugeriu formas mais diretas e efetivas de atingir uma população sem letramento digital: “Não teria sido melhor dizer, ‘sai pra lá’, ‘fica longe’, ‘não encosta’, ‘não chega’?”.
O cientista também comentou que a longevidade e a velhice devem ser trabalhadas adequadamente. Ele discordou da inclusão da velhice como doença realizada recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e defendeu que o órgão deve rever esse posicionamento.
4. Economia e política

O cientista questionou as relações entre saúde e capitalismo e apontou uma incoerência da afirmação “óbito também é alta”, que ficou famosa na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. Diferentemente do caso de falecimento, “na alta, o paciente volta para o convívio social”, explicou.
Ao citar a importância do capitalismo para a economia e da penicilina para a medicina, Gandour comentou que “a mistura dos conceitos criados por Adam Smith e as descobertas de Alexander Flemming é uma metáfora de como a mistura de economia, política e saúde precisa ser revista em todos os ângulos possíveis”.
Fonte: Estadão Summit Saúde.