A hantavirose é uma infecção causada pelo hantavírus, que é encontrado na urina e nas fezes de ratos e pode ocasionar síndrome pulmonar grave.
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O rato é um dos animais mais lembrados quando o assunto é transmissão de doenças. Algumas patologias de origem bacteriana são muito conhecidas, como a leptospirose e a peste bubônica, mas existe outra infecção, causada por um vírus, que tem tido aumento de registros em terras brasileiras: a hantavirose. Em casos mais graves, ela pode levar à morte.
No Brasil, dez pessoas morreram da doença entre janeiro e setembro de 2022, número que preocupou as autoridades sanitárias do País, especialmente no Estado de Santa Catarina. Entre 1993 e 2009, foram registrados 1.169 casos da doença no Brasil, sendo mais de 40% na Região Sul e mais de 15% em Santa Catarina. Por isso, é importante entender como a doença funciona e quais medidas podem ser tomadas para evitar essa infecção perigosa.
Presente na urina de ratos e morcegos, o hantavírus não causa doenças nesses animais, porém em seres humanos ele é responsável por uma infecção denominada hantavirose. Embora muitos casos sejam leves, os quadros graves têm alto índice de letalidade, podendo ultrapassar 30% das ocorrências.
A infecção acontece pelo contato direto com os excrementos desses animais, mas também há relatos de transmissão por vias respiratórias. Como existem diferentes cepas do hantavírus, a contaminação pode ocorrer em lugares diferentes do corpo e, consequentemente, gerar sintomas distintos.
Quando infecta o pulmão, existe a chance de desenvolvimento da síndrome pulmonar por hantavírus (SPH). Já nos rins, pode ter como resultado uma febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR). No Brasil e nas Américas, a cepa mais comum é a que afeta o pulmão, enquanto a segunda forma é encontrada com maior frequência em países asiáticos e europeus.
A síndrome pulmonar causada pelo hantavírus tem sintomas parecidos com os de uma gripe forte, como tosse e febre, mas pode gerar complicações maiores, como:
A síndrome pulmonar grave é muito mais perigosa do que a infecção renal. Enquanto na FHSR a taxa de letalidade é entre 6% e 15%, na SPH a mortalidade pode chegar a 50% dos casos.
Não existe cura para a síndrome respiratória por hantavírus. É preciso que o corpo combata a infecção viral por conta própria, por isso a melhor maneira de conter a letalidade é amenizar os sintomas o máximo possível com um tratamento de apoio. Em casos graves, é preciso fazer uso de oxigênio para driblar a insuficiência respiratória.
Alguns estudos com ribavirina, um antiviral que inibe a replicação de RNA e DNA-vírus, mostraram resultados promissores em laboratório, mas não foram eficazes em testes clínicos.
Como a doença não tem tratamento, a prevenção é fundamental para conter a disseminação do hantavírus. Roedores silvestres são mais perigosos do que os urbanos, como camundongos e ratazanas, por isso o cuidado precisa ser intensificado em regiões rurais.
Manter a limpeza da casa e do local de trabalho é de extrema importância para evitar o contato com a urina e as fezes desses animais. Em caso de infestação, armadilhas para roedores e a contratação de serviços especializados em expulsar roedores podem ser muito úteis.
Quando há exposição inevitável a esses animais, é importante fazer uso de equipamentos de segurança. Pessoas que trabalham com limpeza ou em laboratórios devem vestir luvas, óculos e máscaras para diminuir as chances de contágio.
Fonte: Manual MSD, The Center for Food Security and Public Health, TV Brasil, DIVE Santa Catarina