A medida, em caráter experimental, merece aplicação cuidadosa por parte da área da saúde
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O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou no dia 13 de maio, no Diário Oficial da União, uma autorização para que médicos possam fazer uso do medicamento por nebulização da hidroxicloroquina em “caráter experimental”. A orientação gerou críticas de pneumologistas e outros especialistas, mas merece análise cuidadosa. Entenda os detalhes e os riscos desse procedimento.
A hidroxicloroquina, que há meses está no meio uma queda de braço entre o governo federal e sociedades científicas, ganhou novo fôlego no tratamento à covid-19, após o CFM ter editado a Resolução nº 2.292/2021, que estabelece como procedimento experimental a administração do medicamento em apresentação inalatória.
A publicação vem em resposta a cinco óbitos causados em decorrência do uso inadequado do fármaco. Embora tenha sido formulado para absorção gástrica, houve casos de diluição do comprimido em água por médicos no Rio Grande do Sul e no Amazonas, com óbitos posteriores ao procedimento de nebulização.
A provável razão para o agravamento do quadro clínico e a causa da morte é o fato de o comprimido ter um componente chamado silicato, que pode causar inflamação no pulmão, sobretudo caso o órgão esteja inflamado em decorrência do contágio do novo coronavírus.
Não há amparo legal e técnico para essa adaptação na prescrição, e os casos estão sendo investigados pelo CFM, pela Polícia Civil e pelo Senado Federal, que comanda uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a condução do governo diante da pandemia.
Apesar de a publicação ocorrer em meio a esses casos polêmicos, a resolução não autoriza a prática aos médicos investigados. Nesse caso, o CFM apenas passou a permitir estudos que sigam protocolos de pesquisa aprovados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
Já há investigações similares, a exemplo do que ocorre na Mansoura University, no Egito, em que os pesquisadores estão desenvolvendo fármacos adaptados à inalação, seja por nebulização ou pó seco. Assim, o produto poderá ser entregue diretamente ao pulmão, aumentando a eficácia e evitando efeitos colaterais aos outros órgãos.
O CFM destaca ainda que a inalação do comprimido diluído não tem qualquer indício de eficácia na literatura médica. Devido a isso, até que haja evidências em contrário, a prática é vedada.
Fonte: Universidade Egito, CFM.