A realocação de recursos ocasionada pela pandemia afetou ações de combate e tratamento para várias enfermidades
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O número de mortes por tuberculose aumentou pela primeira vez em 15 anos, de acordo com dados do relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021. O crescimento estaria associado à realocação de recursos ocasionada pela pandemia de covid-19, entre outros fatores.
Conforme o levantamento, 1,5 milhão de pessoas morreram de tuberculose ao longo de 2020, em todo o mundo, entre as quais 214 mil pacientes HIV positivos, consistindo no primeiro aumento ano a ano desde 2005. A ampliação na quantidade de óbitos ocorreu principalmente nos 30 países com a maior carga da doença.
Além disso, a OMS estima que 4,1 milhões de pessoas tenham a enfermidade que afeta os pulmões, mas não foram diagnosticadas corretamente ou deixaram de relatar a situação às autoridades nacionais. A quantidade indica aumento em comparação com os 2,9 milhões de casos de 2019.
O documento também informa ter havido redução na oferta de tratamento preventivo para a doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). Cerca de 2,8 milhões de pessoas acessaram esse serviço no ano passado, 21% a menos do que em 2019, queda igualmente detectada no número de pacientes com resistência aos medicamentos tratados.
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Para reforçar o combate à covid-19, muitos países precisaram realocar recursos financeiros e humanos, direcionando-os para pesquisas e tratamentos focados no Sars-CoV-2. Dessa forma, os estudos relacionados a outras patologias foram impactados negativamente.
“Este relatório confirma nossos temores de que a interrupção dos serviços essenciais de saúde devido à pandemia possa reduzir anos de progresso contra a tuberculose”, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Para ele, os impactos são considerados graves.
A necessidade de concentrar os investimentos em soluções para conter a covid-19 resultaram em uma importante redução nos gastos globais com serviços de diagnóstico, tratamento e prevenção da tuberculose. Segundo a OMS, foram disponibilizados apenas US$ 5,3 bilhões em 2020, menos da metade da meta de US$ 13 bilhões por ano, até 2022.
Outro impacto do coronavírus mencionado no documento tem relação com os confinamentos. Conforme o relatório, os bloqueios globais dificultaram o acesso às instalações de saúde, levando a uma queda na quantidade de novos diagnósticos e casos declarados pelas autoridades — de 7,1 milhões em 2019 para 5,8 milhões em 2020.
Os programas de controle e prevenção da tuberculose não foram os únicos que sofreram com os impactos da covid-19. As Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) também foram afetadas, levando ao adiamento de campanhas de prevenção e tratamento.
Um desses projetos era o roteiro com metas de controle e eliminação de DTNs até 2030, que seria lançado em junho do ano passado. A interrupção do programa ocorreu em pelo menos 44% dos países de baixa e média renda, segundo a Forbes, atrasando a aplicação de vacinas, as campanhas de tratamento, detecção de casos e controle de vetores.
Fazem parte deste grupo as doenças bacterianas, virais e parasitárias que afetam especialmente os países mais pobres do mundo. Doença de Chagas, dengue, hanseníase, elefantíase, doença do sono, cegueira dos rios e leishmaniose são algumas delas, comuns em regiões da África, parte da América e Ásia.
Fonte: Forbes, OMS.