Mayo Clinic: os impactos da pandemia nos hospitais - Summit Saúde

Mayo Clinic: os impactos da pandemia nos hospitais

30 de outubro de 2020 5 mins. de leitura

Rede de hospitais dos EUA compartilha como lidou com a nova realidade e acelerou processos para conter os efeitos nocivos de um cenário inédito na história

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Mesmo que entidades de saúde lidem com a definição de protocolos gerais a serem aplicados por hospitais e clínicas, é fato que cada local acaba enfrentando sua própria realidade, especialmente durante a pandemia da covid-19, que surpreendeu o mundo inteiro e exigiu uma série de adaptações de última hora na prestação de atendimento a todos os públicos – tanto internos quanto externos. 

Logo, o compartilhamento de experiências é de suma importância para o desenvolvimento de estratégias eficazes de combate à condição, e o quarto encontro do Summit Saúde 2020 contou com a presença de Jose Solis-Padilla, administrador sênior de desenvolvimento de negócios internacionais da Mayo Clinic, para que ele fornecesse um panorama das decisões tomadas pela rede neste período.

A instituição foi fundada há 150 anos pelo doutor Charles Mayo. Na época, ele afirmou que a prevenção de doenças era um dos aspectos mais importantes dos empreendimentos humanos, dando origem a uma das equipes de práticas médicas mais integradas do mundo, atuando, fisicamente, em três locais dos Estados Unidos (Flórida, Arizona e Rochester). 

Segundo Solis-Padilla, o valor principal da Mayo Clinic é colocar o paciente e seus interesses em primeiro lugar – e a rede foi a primeira a adotar um banco de dados integrado. A inovação ainda é parte da instituição – sendo que, recentemente, desenvolveu uma patente de uma tecnologia para rastrear, em domicílio, o câncer de cólon.

“Certamente, não chegamos até aqui sozinhos. Aprendemos com o mundo. Por isso, é tão importante que nos conectemos com todos”, defendeu o administrador.

Dr. Charles Mayo, fundador da instituição. (Fonte: Shutterstock)
Dr. Charles Mayo, fundador da instituição. (Fonte: Shutterstock)

Otimizando processos

Hoje, a Mayo Clinic soma uma equipe de 4.590 profissionais que atuam em conjunto, 1,3 milhão de pacientes e 516 milhões de visitas ao portal por ano (e apresentou receita anual de US$ 12 bilhões em 2017). Além disso, possui um sistema do qual fazem parte 70 clínicas e hospitais, além de gerenciar uma rede de laboratórios responsável por 23 milhões de exames anuais, atendendo clientes de mais de 70 países. Com seu modelo de atuação, aplica processos de engenharia em cada etapa de atendimento.

Normalmente, conta Jose Solis-Padilla, é possível passar por todas as fases da visita em apenas uma hora. Para atingir esse objetivo, reinvenções foram aplicadas nos procedimentos da instituição, que foram baseadas em um documento cujas orientações contemplam oferecer diagnósticos assertivos a qualquer momento em qualquer lugar. Estes são feitos por meio de conversas imediatas com especialistas, proporcionando interações virtuais, incentivando pesquisas contínuas para o aprimoramento de ações e deixando métodos obsoletos para trás.

Fundada há 150 anos, Mayo Clinic prioriza as necessidades dos pacientes. (Fonte: Shutterstock)
Fundada há 150 anos, Mayo Clinic prioriza as necessidades dos pacientes. (Fonte: Shutterstock)

Comunicação sempre

Um dos segredos da Mayo Clinic é que seus profissionais ensinam tudo o que aprendem. Para lidar com a pandemia da covid-19, estabeleceram três prioridades: estruturar uma resposta adequada à crise, gerenciar os diversos impactos do cenário e pensar no futuro das soluções propostas (tendo a integração de todas as áreas como recurso principal). Jose salienta que cuidados primários não são a principal atuação da rede e, mesmo reconhecendo a importância da área, explica que esse não é foco.

Tendo isso em mente, algumas das implementações que ocorreram com o passar dos meses foi a administração de treinamentos para equipes, mudanças de fluxos de pacientes e aprendizado contínuo, já que, segundo ele, o período da pandemia é fluido e exige adaptações constantes. 

Primeiramente, foi preciso parar e entender o que estava ocorrendo; do contrário, nada do que fosse feito teria impacto positivo. “Sabíamos que poderíamos enfrentar redução de equipes de determinadas áreas. Logo, nos dedicamos à criação de novos mecanismos e proporcionamos o desenvolvimento de habilidades”, afirmou o administrador. Tudo isso ocorreu em questão de semanas.

No início da pandemia, em que foi estipulado o regime de home office, a Mayo Clinic estruturou atuações de clínica virtual. Além disso, criou uma rede de atendimento remoto àqueles que poderiam ser acompanhados dessa maneira, evitando a exposição desnecessária tanto das equipes quanto dos pacientes, que poderiam ser ainda mais prejudicados pela infecção. Dispensas de internamentos possíveis foram aplicadas, assim como reduções de salários para a manutenção da estabilidade financeira da instituição

Por fim, “comunicação” foi o ponto-chave para o enfrentamento da situação. “Ninguém tinha as respostas, mas sabíamos o que tínhamos de perguntar e que teríamos de encontrar a solução juntos”, disse Solis-Padilla, evidenciando o companheirismo necessário em uma situação tão difícil.

Fontes: Summit Saúde 2020, Shutterstock.

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