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Mortes por covid-19 são 3 vezes maiores que o número oficial

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O número de mortes por covid-19 nos primeiros dois anos da pandemia pode totalizar mais de 18 milhões em todo o mundo, de acordo com um estudo. Isso é três vezes mais do que o número global de óbitos relatados pela doença, que ultrapassou 6 milhões no início de março.

Para estimar o número, os cientistas calcularam o excesso de mortalidade a partir da comparação com a média de quantas pessoas morreram nos últimos 11 anos antes da pandemia. A pesquisa, publicada na revista The Lancet, analisou dados de 74 países e 266 estados e territórios ao longo de 2020 e 2021.

Isso significa que a estimativa contabiliza tanto as pessoas mortas diretamente pela covid-19, casos confirmados e não diagnosticados, quanto aquelas cujos óbitos podem ser atribuídos indiretamente à pandemia, como pessoas com condições médicas graves que não puderam procurar atendimento devido à sobrecarga dos hospitais.

Subnotificação de mortes por covid-19

Falta de testes ajudaram na subnotificação, aponta artigo. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Os óbitos registrados tentam quantificar a gravidade da pandemia de covid-19 em diferentes populações e locais ao longo do tempo. Os índices de mortalidade são considerados um indicador mais confiável que às taxas de casos relatados. No entanto, os óbitos relatados representam apenas uma parte da contagem do número total.

“O impacto total da pandemia foi muito maior que o indicado pelas mortes relatadas devido apenas à covid-19”, de acordo com o artigo. A diferença entre o excesso de mortalidade e os óbitos devido ao coronavírus pode ser causada pelo que foi subdiagnosticado, devido ao número de testes insuficientes, além de relatórios ou mortalidade acima do esperado por outras doenças.

O estudo apresenta que a precisão do número de mortes devido à pandemia é fundamental para que os países entendam a magnitude do impacto do coronavírus na saúde pública. A medição também ajuda a entender os determinantes da variação na proporção de infecção e fatalidade entre as populações, facilitando a adoção de políticas públicas.

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Diferenças regionais

Subnotificação foi maior na Rússia, nos Estados Unidos, no México e no Brasil, segundo estudo. (Fonte: The Lancet/Reprodução)

A pesquisa aponta que a diferença entre o excesso de mortalidade estimado e as mortes relatadas por infecções causadas pelo coronavírus é muito maior no sul da Ásia, com 5,3 milhões de óbitos não relatados, seguido pelo norte da África e pelo Oriente Médio, cada um com cerca de 1,7 milhão. A Europa Oriental teve 1,4 milhão de mortes em excesso.

Os três países com maior subnotificação foram a Índia, com 4 milhões de óbitos; os Estados Unidos (EUA), com 1,1 milhão; e Rússia, com 1 milhão. O Brasil está quinto colocado no ranking, com 792 mil mortes não relatadas, atrás do México, com cerca de 800 mil.

Entre esses países, a taxa de mortalidade em excesso foi mais alta na Rússia, com 374,6 óbitos por covid-19 não relatados a cada 100 mil habitantes, no México, com 325 mortes a cada 100 mil. O Brasil e os EUA apresentaram taxas de subnotificação semelhantes, respectivamente, de 186,9 e 179,3 a cada 100 mil.

Preparação para próximas pandemias

Conforme o artigo, é necessário aprimorar o monitoramento dessa pandemia e de outras futuras. Para melhorar a estratégia global de saúde pública, os sistemas de registro de óbito devem ser fortalecidos em todo o mundo.

Além disso, um aprofundamento das informações é importante para ajudar a distinguir a proporção de excesso de mortalidade causada diretamente pela infecção por coronavírus e as mudanças nas causas de morte como consequência indireta da pandemia.

“Mais pesquisas e maior disponibilidade de dados de causa de morte serão cruciais para distinguir a proporção de excesso de mortalidade que foi causada diretamente pela infecção por Sars-CoV-2”, de acordo com a conclusão do artigo.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião e à explicação de nossos parceiros especialistas em Saúde.

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Fonte: The Lancet.

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