Novo surto de covid-19 na China indica mutação do coronavírus

28 de junho de 2020 5 mins. de leitura
Pacientes chineses parecem demorar mais para apresentar sintomas de covid-19, mostrando uma mudança no comportamento do coronavírus

Um novo surto de covid-19 está atingindo as províncias de Jilin e Heilongjiang no nordeste da China. A segunda onda da doença no país está se manifestando de forma diferente que o surto original em Wuhan, o que pode indicar uma mutação do coronavírus — possibilidade já apontada por diversos estudos científicos.

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A alteração genética pode também complicar os esforços no desenvolvimento de uma vacina e permitir a recontaminação de pessoas teoricamente já imunizadas. Casos de “reinfecção” ou “reativação” do vírus foram observados em outras regiões chinesas e na Coreia do Sul. Esses eventos, ainda não compreendidos, podem indicar que novas ondas da pandemia ainda podem atingir o mundo.

As autoridades chinesas acreditam que a nova contaminação aconteceu por causa do contato com pessoas infectadas na Rússia. O sequenciamento genético mostrou uma correspondência entre os casos do nordeste chinês e os pacientes russos.

Novo comportamento da covid-19

Os pacientes chineses parecem carregar o vírus por um maior período e ainda apresentar resultados negativos para a patologia durante mais tempo, dificultando o controle e tratamento da doença. A manifestação de sintomas parece levar mais de duas semanas após a infecção, diferente do que foi observado anteriormente.

Os médicos notaram que os pacientes do novo surto aparentemente apresentam ter danos principalmente nos pulmões, enquanto os pacientes em Wuhan sofreram danos de múltiplos órgãos: no coração, nos rins e no intestino.

O período mais longo sem sintomas criou grupos de infecções familiares. Cerca de 46 casos foram registrados nas últimas duas semanas, espalhados por três cidades — Shulan, Jilin e Shenyang — nas duas províncias. Entre os infectados, apenas 10% se tornaram casos críticos e 26 pessoas foram hospitalizadas.

Novas medidas de quarentena

Novas medidas de quarentena suspenderam até os serviços de delivery em cidades chinesas. (Fonte: gnohz/Shutterstock)

O ressurgimento de infecção provocou novas medidas de quarentena em uma região de 100 milhões de pessoas. Para conter o novo surto, as fronteiras chinesas foram fechadas para os estrangeiros. As autoridades também suspenderam os serviços de transporte por trem, fecharam escolas, proibiram aglomerações públicas e recomendaram às pessoas que fiquem em casa.

Em cada família, apenas uma pessoa pode sair por duas horas a cada dois dias para obter alimentos e remédios. A venda de medicamentos contra a febre foi proibida para impedir que as pessoas tentem esconder os sintomas da doença. Até os serviços de entrega em domicílio foram suspensos.

Dúvidas sobre mutação na China

Os cientistas ainda não sabem com certeza se o vírus realmente está mudando de maneira significativa ou se agora os médicos chineses podem observar o desenvolvimento dos sintomas com mais atenção e em um estágio anterior. Quando o surto explodiu pela primeira vez em Wuhan, o sistema de saúde local ficou tão sobrecarregado que apenas os casos mais graves estavam sendo tratados.

É provável que as observações na China não tenham uma correlação simples com uma mutação. Portanto, ainda são necessárias evidências mais claras e estudos mais aprofundados antes de concluir que o vírus está sofrendo uma mutação.

Ainda assim, as descobertas sugerem que a incerteza sobre como o vírus se manifesta dificulta os esforços dos governos para conter sua disseminação e reabrir suas economias desgastadas. A China tem um dos mais abrangentes regimes de detecção e teste de vírus do mundo e ainda está lutando para conter seu novo surto.

Mutação mais lenta

Maioria das mutações é prejudicial ao vírus. (Fonte: Shutterstock)

Alguns vírus — como o H1N1 — sofrem muita alteração genética, o que torna necessário atualizar as vacinas anualmente para manter a imunidade contra a influenza. Enquanto isso, o coronavírus que permaneceu relativamente estável, e parece estar sofrendo uma mutação muito mais lenta do que a do vírus H1N1, mostra dois novos estudos sobre mutações do genoma do RNA do Sars-Cov-2.

Um estudo da Universidade Estadual do Arizona descobriu a exclusão de 81 pares de bases de um gene responsável por infectar, replicar e se espalhar dentro do hospedeiro humano. Uma segunda pesquisa, do Laboratório Nacional de Los Alamos, levantou a hipótese de que uma cepa do vírus presente na Europa é mais infecciosa do que a original, de Wuhan.

Os vírus sofrem mutações à medida que produzem mais cópias. Até o momento, estima-se que o coronavírus tenha uma taxa inferior a 25 mutações por ano, uma taxa bem menor do que a do H1N1, que tem 50 mutações anuais. A maioria das mutações é neutra, enquanto algumas são prejudiciais ao vírus. Apenas uma pequena porcentagem de todas as mutações é benéfica para o próprio organismo viral.

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Fonte: Bloomberg, Science Alert e Business Insider.

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