Consórcio mundial criado pela Organização Mundial da Saúde negocia distribuição do produto
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O maior consórcio já criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), chamado de Covax, procura garantir que as vacinas desenvolvidas contra a covid-19 cheguem ao maior número de pessoas no mundo. Para isso, a OMS negocia com as empresas envolvidas nas pesquisas para chegar a um preço médio de US$ 10 (aproximadamente R$ 55) e quantidade mínima de distribuição para as nações envolvidas no acordo.
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O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, afirmou em um webinar quinzenal para a imprensa que as opções de vacina estão em constante avaliação: “Atualmente, existem nove vacinas que fazem parte desse portfólio dinâmico, que está constantemente sendo revisado e otimizado para garantir o acesso à melhor gama possível de produtos”.
Ele afirmou que há quatro empresas em negociação e nove vacinas sob avaliação de longo prazo. As pesquisas desenvolvidas até o momento indicam que serão necessárias duas doses por pessoa para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.
Cerca de 172 países estão envolvidos no plano desenvolvido para garantir acesso igualitário a vacinas contra a covid-19, mas cerca de 90 países, entre os mais pobres do mundo, devem receber gratuitamente o produto. O Brasil é considerado uma nação de economia de renda média, portanto o governo deverá pagar para ter acesso à imunização.
O governo brasileiro indicou que fará parte do consórcio e atualmente negocia os termos do compromisso, que deve ser selado até 31 de agosto. O prazo para indicar o valor que pode ser destinado ao negócio vai até 18 de setembro, e os primeiros pagamentos devem ser feitos a partir de 9 de outubro. O benefício de participar da aliança está na capacidade de negociar um valor mais baixo do que o praticado individualmente no mercado, já que estaria garantida a compra de bilhões de doses.
Em um anúncio oficial da OMS, Adhanom afirmou que a “covid é um desafio de saúde global sem precedentes que só pode ser enfrentado com cooperação entre governos, pesquisadores, fabricantes e parceiros multilaterais. Reunindo recursos e agindo em solidariedade por meio do ACT Accelerator e do Covax Facility, podemos garantir que, uma vez que uma vacina exista, estará disponível de forma equitativa para todos os países”.
O Brasil ainda avalia se acordos bilaterais seriam mais vantajosos e quanto estaria disposto a investir, caso entrasse no pacote mundial. A aliança propõe que, até outubro, governos destinem 15% do valor que prometerem.
O plano da OMS é distribuir a vacina em fases para os países participantes. Na primeira etapa, as doses serão aplicadas em trabalhadores do setor de saúde e indivíduos que fazem parte do grupo de risco. Isso representa cerca de 20% da população dos países. Na segunda fase, a oferta dependerá da situação de cada local, mas a intenção é soltar 2 bilhões de doses até o fim de 2021.
No Brasil, a primeira fase envolveria cerca de 40 milhões de pessoas. Se o governo opte por esse caminho, terá de desembolsar cerca de R$ 4,4 bilhões: US$ 20 para imunizar cada pessoa com as duas doses, o que representa US$ 800 milhões para vacinar a parte mais vulnerável da população brasileira.
Os países participantes do Covax Facility têm duas opções, de acordo com documentos enviados pela OMS. Será preciso se comprometer a comprar um volume determinado da vacina pelo preço estipulado, seja qual for a fabricante. Para países que já negociaram acordos diretamente com alguma empresa, haveria a flexibilidade de não participar da primeira distribuição da vacina caso ela seja oferecida pela mesma companhia. Dessa forma, o país entraria apenas na segunda leva de vacinas produzidas e seria o último a receber as doses.
O Brasil já fechou um acordo comercial com a AstraZeneca, que faz parte do consórcio. Caso ela seja a primeira a distribuir doses para imunizar a população, o governo pode optar pela flexibilidade.
Fazem parte do consórcio as norte-americanas Inovio, Novavax e Moderna, a alemã CureVac, as chinesas Clover Biopharmaceuticals e Universidade de Hong Kong, a australiana Universidade de Queensland, a britânica AstraZeneca e o Institut Pasteur, que reúne França, Estados Unidos e Áustria.
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Fontes: Deccan Herald, World Health Organization.