Com a chegada da covid-19, aumento de despesas e queda de receitas afetaram a geração de empregos e a sustentabilidade financeira das instituições
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No dia 2 de setembro, o Ministério da Saúde divulgou que o Brasil atingiu a marca de 123.780 mortes causadas pelo novo coronavírus. De acordo com a entidade, o número de casos de covid-19 no País chegou a 3.997.865, com 663.680 pessoas em acompanhamento e 3.210.405 já recuperadas. Hospitais privados desempenham um papel fundamental no tratamento desses pacientes, mas isso tem um preço — e ele está sendo alto.
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Segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), a partir de uma atualização dos principais indicadores da área, foi constatado que a pandemia gerou queda de 60% no resultado operacional do setor. Também foi notada redução de 26,3% no total de internações, comparando o período de janeiro a junho de 2020 com 2019, que foi atribuída às recomendações de suspensão de procedimentos e exames eletivos veiculadas por órgãos responsáveis, como o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Os dados foram compilados no documento 2ª edição da Nota Técnica — Observatório Anahp, que traz informações coletadas de 121 associados. Por exemplo, houve diminuição no número de internações relacionadas a doenças crônicas e dos aparelhos circulatório e nervoso. Entre as condições estão câncer, infarto, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca; a redução foi de 27,3%, 31,6% e 34,9%, considerando as três últimas, o que coloca pacientes em risco. Em contrapartida, a Anahp aponta que de março a junho de 2020 o número de casos suspeitos de covid-19 nos pronto-atendimentos aumentou mais de 600%, passando de 2,7% em março para 19,5% em junho. Somente em junho, 41,5% dos pacientes atendidos foram diagnosticados com a doença e 2,9% foram internados.
“A Anahp chama a atenção para a mudança no perfil das internações com o advento da pandemia, uma vez que muitos pacientes crônicos deixaram de recorrer aos serviços de saúde para acompanhamento adequado de suas patologias. E ressalta a importância da continuidade dos tratamentos eletivos e das consultas e exames periódicos para identificação precoce de doenças graves, o que contribui para aumento da possibilidade de cura”, alerta a nota.
A redução de determinados atendimentos e o aumento de cuidados com a covid-19 mudaram fundamentalmente o cenário, prejudicando a saúde financeira das instituições. “Os hospitais Anahp também foram impactados financeiramente por conta da pandemia. Com o adiamento dos procedimentos eletivos, houve queda de receita e, uma vez que a maior parte dos custos são fixos, as despesas chegaram a ultrapassar as receitas”, afirma o documento.
Os empregos da área estão ameaçados: “Em junho de 2020, segundo dados preliminares divulgados pela ANS, o número de beneficiários caiu para 46,7 milhões, o que representa uma perda de aproximadamente 300 mil beneficiários, se comparado com o mesmo mês de 2019. Esse resultado reflete a piora no cenário econômico e a destruição de postos de trabalho, como consequência da pandemia”, complementa.
Dado o desequilíbrio causado nas operações, a margem Ebitda (earnings before interest, taxes, depreciation and amortization — lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acumulada nos seis primeiros meses do ano ficou em 5,2%, resultado bem inferior ao registrado no mesmo período dos últimos anos. “O setor de saúde vinha apresentando um volume considerável de geração de vagas com carteira assinada nos últimos anos. Porém, a pandemia também impactou negativamente o setor em 2020”, aponta o documento.
“No acumulado dos seis primeiros meses do ano foram gerados 43 mil postos de trabalho, resultado inferior ao registrado no mesmo período do ano passado (69 mil vagas), de acordo com o Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados]”, complementa a nota, o que acabou acendendo um alerta vermelho quanto ao futuro da área de hospitais privados no Brasil.
Como se não bastassem todas essas questões, a atual proposta da Reforma Tributária sugere aumento da carga de tributos em torno de 40% sobre os hospitais privados — se aprovada sem alterações, prejudicará ainda mais o setor. O texto não contempla a isenção de tributos da folha de pagamento, principal despesa das instituições (cerca de 40%), afetando a capacidade de manutenção de empregos.
Por enquanto, de acordo com a Anahp, é preciso acompanhar atentamente tudo o que está ocorrendo. “Diante de um cenário de incertezas causado pela covid-19 em 2020, a consolidação de dados atualizados é uma das principais ferramentas para avaliar os reais impactos da pandemia”, finaliza.
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Fontes: Anahp, Medicina S/A, Agência Brasil, Pixabay.