Pesquisa examinou quais foram os fatores que contribuíram para o controle do novo coronavírus ao redor do mundo
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Um grupo seleto de países conseguiu controlar a pandemia do novo coronavírus e, devido a isso, registram um resultado econômico menos negativo do que a média da economia mundial.
Pensando nisso e com o intuito de entender quais foram os fatores que levaram ao melhor desempenho no combate à covid-19, uma equipe de 70 pesquisadores em saúde pública e cientistas políticos, liderados pela Universidade de Michigan e a Fundação Getulio Vargas (FGV), debruçou-se em um longo estudo que deu origem à publicação do livro Coronavirus Politics.
Foram realizadas análises comparativas entre a saúde pública e as políticas sociais em 34 nações, dos cinco continentes, para identificar o que contribuiu para os resultados positivos frente à crise sanitária, bem como quais são as ações que podem vir a servir de modelo em futuras pandemias.
Os governos gerenciaram a pandemia de covid-19 de forma diferente. Ao mesmo tempo que Estados Unidos, Brasil, Índia e Espanha lideraram com o número de mortes e hospitalizações por coronavírus, um grupo de países com características diversas, como Vietnã, Mongólia, Alemanha, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Taiwan e Noruega, foram bem-sucedidos no controle da crise sanitária.
Os casos analisados sugerem que o desenvolvimento econômico e a capacidade de atendimento do sistema de saúde tiveram a efetividade limitada no controle da crise sanitária por conta de variáveis políticas.
“Nações desenvolvidas como Itália, Reino Unido e Espanha, que têm expertise em saúde pública, tiveram suas capacidades estatais anuladas em detrimento de ações políticas”, comentou Elize Massard da Fonseca, pesquisadora da FGV e uma das coautoras da publicação, em declaração à Agência Fapesp.
Além disso, presidentes de diversas nações utilizaram seus poderes constitucionais para implementar uma agenda própria, que muitas vezes não estava relacionada ao combate à pandemia. É o caso de Jair Bolsonaro no Brasil, Sebastián Piñera no Chile, Donald Trump nos Estados Unidos e Andrés Manuel López Obrador no México.
Os pesquisadores concluíram que a situação da pandemia evidenciou sérios problemas de coordenação na governança global da saúde, ou seja, o que vêm impactando a vida de inúmeras pessoas, em comparação a 2019, é resultado de decisões de políticas públicas.
Os pesquisadores concluíram que todos os países que tiveram sucesso em conter a pandemia adotaram ações parecidas, independente de características culturais, religiosas, populacionais, sistemas políticos ou níveis de riqueza. O principal fator determinante para o êxito foi a rapidez da adoção de medidas não farmacológicas. Entre elas:
No entanto, no Brasil e nos Estados Unidos, o uso de políticas sociais generosas e, porém, desarticuladas com intervenções de saúde pública teve um resultado desastroso. Já a Índia aplicou duras medidas de saúde pública, entretanto não ofereceu nenhum apoio financeiro à população.
Fonte: Universidade de Michigan, Agência Fapesp.