Resultados preliminares de um estudo realizado no Uruguai apontam que a aplicação da vacina da Pfizer após duas doses da Coronavac pode ser benéfica
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A aplicação de um reforço da vacina da Pfizer, após a imunização com duas doses do imunizante da Coronavac, aumenta em 20 vezes o nível de anticorpos contra a covid-19, segundo resultados preliminares de um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Pasteur de Montevidéu (IP) e da Universidade da República (Udelar).
Em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde do Uruguai, Daniel Salinas, avaliou que a pesquisa traz informações promissoras sobre a importância do uso combinado de vacinas que utilizam o vírus inativo (como a Coronavac) com outras de RNA mensageiro (a exemplo da Pfizer). Até então, os estudos se concentravam nos imunizantes que utilizavam manipulação genética.
Caso sejam confirmados os resultados da pesquisa, a intercambialidade poderá ajudar a aplicar doses de reforço em países em que há a disponibilidade dos dois imunizantes, como é o caso do Brasil. Até o momento, o Ministério da Saúde só aprovou a aplicação da vacina da Pfizer como segunda dose para quem tomou a AstraZeneca.
A investigação sobre a intercambialidade de vacinas foi iniciada em março de 2021 e tem previsão de duração de dois anos. Neste período, amostras de sangue de mais de 200 pessoas serão colhidas periodicamente para monitorar e analisar os níveis de anticorpos virais em relação aos diferentes tipos de imunizantes e doses administradas.
Até o momento, o estudo teve quatro etapas: uma primeira coleta de sangue antes da aplicação de vacinas; uma segunda coleta 18 dias após a aplicação da segunda dose; uma terceira amostra depois de 80 dias do recebimento da dose dupla; e, por fim, uma nova coleta 18 dias após a aplicação do reforço com a vacina da Pfizer.
Na primeira coleta, realizada em março, nenhum dos participantes apresentou anticorpos contra covid-19, o que era um resultado esperado. Na segunda amostra, todos os participantes, tanto vacinados com Coronavac quanto com a Pfizer, mostraram uma reação do sistema imunológico, mas com níveis variáveis.
A terceira amostragem apresentou uma diminuição global dos níveis de anticorpos encontrados anteriormente. Entretanto, na quarta coleta, completada por 57 participantes, houve um aumento significativo dos anticorpos, com um nível 20 vezes maior ao verificado após a aplicação da segunda dose.
O cientista Otto Pritsch, que trabalha no IP, considerou que esses resultados são “muito promissores”. No entanto, afirma que “há coisas que ainda não sabemos e que temos de continuar a investigar”. Entre elas, quanto tempo esses níveis de anticorpos vão durar ou qual é o nível mínimo que gera proteção contra o vírus.
Fonte: Ministério da Saúde, La Diaria, Ministerio de Salud Publica de Uruguay.