Poliomielite: como a vacina erradicou a doença no Brasil

19 de outubro de 2020 4 mins. de leitura
Sem casos da doença desde 1987, país sul-americano conta com campanhas de vacinação em massa para manter quadro estável

O dia 24 de outubro é marcado pela celebração do Dia Mundial de Combate à Poliomielite. Em 1994, a região das Américas foi a primeira no mundo a ser considerada livre da doença — o último caso registrado no Brasil foi em 1987.

Grande parte da estratégia para a erradicação do vírus baseia-se na aplicação das campanhas de vacinação em massa pelo País, que evitam a proliferação dos três tipos de poliovírus selvagem. 

Entretanto, os dados da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) mostram que o percentual de crianças protegidas em território brasileiro vem caindo nos últimos anos.

Em 2017, 23% das quase 3 milhões de crianças com até um ano de idade não haviam recebido a proteção completa contra o vírus. Dessa forma, é preciso ressaltar a importância da vacina para a prevenção e erradicação global da doença.

O que é a poliomielite?

Poliovírus afeta sistema nervoso central e pode causar paralisia em jovens e adultos. (Fonte: Shutterstock)
Poliovírus afeta sistema nervoso central e pode causar paralisia em jovens e adultos. (Fonte: Shutterstock)

A poliomielite, também conhecida como doença da paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda de infecção por via fecal-oral que pode atingir tanto crianças quanto adultos. Isso significa que os três tipos de poliovírus se disseminam através do contato direto com as fezes ou secreções de um indivíduo contaminado, podendo ou não causar algum grau de paralisia.

Isso ocorre porque o vírus se multiplica na garganta e nos intestinos de quem foi contaminado, utilizando a corrente sanguínea para chegar ao cérebro. Nesse momento, a doença passa a atacar o sistema nervoso central e a destruir os neurônios motores do corpo. Em alguns casos, o vírus pode tomar conta das células que controlam os músculos respiratórios e atingir um potencial letal.

Vale ressaltar que, assim como outras infecções virais, não existe um tratamento específico para a poliomielite após o vírus adentrar o organismo. Atualmente, os cuidados são voltados para diminuir as complicações da doença e evitar maiores índices de mortalidade.

Campanhas de vacinação

Crianças com até 5 anos de idade devem tomar reforço da vacina contra poliomielite anualmente. (Fonte: Shutterstock)
Crianças com até 5 anos de idade devem tomar reforço da vacina contra poliomielite anualmente. (Fonte: Shutterstock)

No Brasil, a campanha de vacinação contra a poliomielite está marcada para ocorrer entre os dias 5 e 30 de outubro. O Ministério da Saúde espera que entre 90% e 95% das crianças e adolescentes sejam imunizados — mesmo número recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A vacina mais popular para essa doença é a VPO-Sabin, chamada nacionalmente de “vacina da gotinha”, que faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. Ela deve ser aplicada aos 2, 4, 6 e 15 meses de vida e reforçada anualmente até os 5 anos de idade.

Mapa mundial da poliomielite

Atualmente, apenas um dos três tipos do poliovírus permanece ativo no mundo. Após anunciar a erradicação do sorotipo 2 em 2015, a Comissão Global para a Certificação da Erradicação da Poliomielite celebrou também a erradicação do sorotipo 3 em 2019.

O Paquistão e o Afeganistão são os únicos países onde o sorotipo 1 selvagem da doença ainda circula e permanece ativo. Portanto, até que essa versão do vírus também deixe de existir, é possível que casos importados de poliomielite voltem a assombrar outras nações e continentes.

A OMS acredita que, em conjunto com as campanhas nacionais de vacinação, seja possível eliminar de vez todas as cepas da doença durante os próximos anos e, finalmente, alcançar o marco histórico da extinção da poliomielite.

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Fontes: Ministério da Saúde, Fapesp, VIP Imune, Shutterstock.

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