Apesar de ser utilizado como gás de cozinha, o metano oferece riscos para a saúde humana e contribui para o aquecimento global
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O metano (CH4) é um gás altamente inflamável, utilizado como combustível em cozinhas e sistemas de aquecimento. A substância gasosa, que é encontrada na natureza, tem influência direta no clima e provoca efeitos indiretos na saúde humana, no rendimento das colheitas e na qualidade e na produtividade da vegetação.
O gás não tem cheiro nem cor, o que o torna perigoso. A substância em si não é tóxica, mas a exposição a ela pode causar problemas de saúde em circunstâncias específicas, como no contato com quantidades concentradas ou por longos períodos. Por isso, o CH4 usado para fins comerciais tem um odor adicional, para ser facilmente identificado.
O metano é 80 vezes mais potente que o gás carbônico para o efeito estufa em um período de 20 anos, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Nos últimos dois séculos, as concentrações do CH4 na atmosfera mais que dobraram, em grande parte devido a atividades relacionadas aos seres humanos.
O metano também ocorre naturalmente em áreas úmidas, na decomposição anaeróbica de matéria animal e vegetal. Ainda assim, 64% do gás liberado para a atmosfera são fruto de atividades humanas, como:
A principal fonte de emissão humana de CH4, cerca de um terço do total, é oriunda da indústria petrolífera. Quando empresas produzem petróleo, carvão e gás natural, os gases gerados criam e soltam o metano como subproduto. O gás é liberado durante o transporte, o refinamento e até a combustão da substância.
A pecuária também produz grandes quantidades do gás de efeito estufa devido à flatulência e ao arroto do gado no processo de ruminação. Para realizar a digestão, os microrganismos no estômago desses animais promovem a fermentação entérica, que tem o metano como um dos subprodutos liberados.
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As concentrações de metano na atmosfera ultrapassaram 1,9 mil partes por bilhão no ano passado, quase o triplo dos níveis pré-industriais, de acordo com dados divulgados em janeiro de 2022 pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos.
Pesquisadores desconfiam que o gás cria um mecanismo de retroalimentação do aquecimento global, que fará que cada vez mais CH4 seja liberado, tornando ainda mais difícil controlar o aumento das temperaturas. Isso significa que reduzir as emissões pode ser mais urgente do que se imaginava.
Na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26), realizada em Glasgow (Escócia), mais de cem 100 países assinaram o Compromisso Global de Metano para, até 2030, reduzir as emissões em 30% em relação aos níveis de 2020. Essa é uma forma de complementar a diminuição de carbono e outros gases de efeito estufa para cumprir a meta de limitar o aquecimento global até o fim do século.
A exposição ao metano pode levar à asfixia, semelhante à ameaça representada pela exposição ao monóxido de carbono. Quando inalada, a substância priva o corpo do oxigênio necessário para respirar. Embora baixas concentrações geralmente não sejam prejudiciais, quantidades mais altas podem levar à morte.
Os sintomas de exposição ao CH4 incluem respiração rápida, aumento da frequência cardíaca, tontura, visão turva, euforia, perda de memória e fraqueza. Em casos mais graves, a inalação pode gerar náusea, vômito, desmaio, convulsões e coma. Os efeitos a longo prazo incluem problemas cardiovasculares, respiratórios e neurológicos.
Em caso de exposição ao metano, a pessoa deve ser imediatamente removida para um local com ar fresco e equipamentos de proteção. Caso o indivíduo tenha sofrido desmaio, o socorro pode incluir administração de oxigênio, desfibrilação e ressuscitação cardiopulmonar. Uma avaliação médica é necessária para verificar a extensão total das lesões.
Fonte: Compromisso Global sobre Metano, Nature, Coalizão Clima e Ar Limpo para Reduzir Poluentes Climáticos de Vida Curta/ONU, Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), NevadaNano.