Casos da doença transmitida por roedores aumenta durante o período de chuvas e enchentes, principalmente em centros urbanos
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A leptospirose é uma infecção causada por uma bactéria do gênero Leptospira, e sua transmissão ocorre através do contato da pele humana — ferida ou não — com água ou solo contaminados principalmente pela urina de ratos urbanos (como ratazanas, ratos de telhado e camundongos).
Pelo fato de os sintomas iniciais serem muito semelhantes aos de outras doenças, como gripe e dengue, a identificação precisa ser confirmada a partir de exames laboratoriais. A incubação da bactéria pode variar, mas geralmente ocorre de sete a 14 dias após a exposição.
Febre alta, mal-estar, dor muscular especialmente na panturrilha, de cabeça e no tórax, olhos vermelhos, tosse, cansaço, calafrios, náuseas, diarreia, desidratação e manchas vermelhas no corpo são os principais sintomas da leptospirose. Mas, também pode ser assintomática, por isso em casos de exposição e contato com água contaminada sugere-se buscar um profissional da área de saúde o quanto antes.
Caso os sintomas da leptospirose evoluam, o paciente desenvolve o que é conhecido como Síndrome de Weil e passa a ter icterícia, pigmentação amarelada na pele, hemorragia e insuficiência renal. Esse estágio pode levar o paciente a óbito. Segundo dados fornecidos pelo Ministério da saúde, a evolução da doença ocorre em 15% dos casos.
O diagnóstico é feito com exames laboratoriais cuja complexidade depende do estágio precoce ou tardio em que a doença se encontra. Por isso, é necessário procurar atendimento médico diante dos primeiros sintomas.
No Brasil não existe nenhuma vacina contra a leptospirose para seres humanos, sendo exclusiva para uso em animais, como cães, bovinos e suínos. Esses animais devem ser vacinados todos os anos para evitar o risco de contrair a doença e, consequentemente, as chances de transmiti-la ao homem.
Costuma ser indicada a antibioticoterapia, a partir de princípios ativos como a Amoxicilina ou Penicilina cristalina. O medicamento correto varia de acordo com a gravidade da doença, sendo contraindicada a automedicação.
Nesta época do ano, as fortes chuvas são comuns em várias áreas do País, que acabam sofrendo com alagamentos e enchentes que deixam marcas de destruição e desamparo nas cidades. Belo Horizonte e São Paulo são dois grandes exemplos dos perigos que as tempestades podem causar à população.
Além dos riscos de desabamento de construções e das perdas materiais, a chance de transmissão da leptospirose aumenta consideravelmente, visto que o contato com a água contaminada pela urina dos roedores é iminente. A doença torna-se epidêmica nesses períodos chuvosos, principalmente em capitais e áreas metropolitanas.
Segundo dados divulgados pela Coordenadoria Regional de Saúde Sudeste (CRSSE), em 2019 foram notificados 124 casos suspeitos de leptospirose em São Paulo.
Foi identificado que a doença acomete principalmente populações residentes em áreas de risco como ocupações próximas a córregos, com precariedade de saneamento básico, com deficiências na coleta e destinação de resíduos sólidos e associada a fatores climáticos, como a ocorrência de inundações.
A leptospirose apresenta incidência elevada principalmente em áreas com condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. As inundações ocasionadas pelas fortes chuvas propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente.
Para garantir a segurança e a saúde da população, o Ministério da Saúde recomenda que algumas precauções sejam tomadas:
Além disso, vale reforçar a importância de evitar a locomoção por pontos de enchentes e alagamentos, principalmente quando forem regiões que põem em risco à vida das pessoas. No caso de profissionais que estão mais expostos como catadores de lixo ou garis, é necessário ter cuidados redobrados e sempre procurar uma Unidade de Saúde, em caso de suspeita da doença.
Fontes: Ministério da Saúde, Secretaria de Estado de Saúde Minas Gerais, Prefeitura de São Paulo.