Após a aprovação de uma vacina eficiente contra a covid-19, os sistemas de saúde precisarão enfrentar o desafio logístico para distribuir o imunizante
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Com aproximadamente 53 milhões de casos confirmados e mais de 1 milhão de mortes por covid-19 em todo o mundo, a luta global dos sistemas de saúde contra a pandemia está longe de acabar. A principal esperança para o fim da crise sanitária é a distribuição ampla de uma vacina contra a doença.
Até outubro, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estavam em desenvolvimento mais de 190 imunizantes contra o coronavírus. Um seleto de grupo de mais de 40 vacinas está em teste em humanos, 3 delas no Brasil. A expectativa é que, em breve, a imunização esteja disponível para grupos prioritários e depois seja oferecida para a população em geral. No entanto, a vacinação ampla apresenta uma série de obstáculos, em especial quanto à distribuição de suprimentos médicos, que já vem sendo bastante pressionada pela pandemia.
Com base nas experiências obtidas na primeira fase da crise da covid-19, a empresa de logística DHL, em parceria com a consultoria McKinsey & Company, realizou o estudo Devilering Pandemic Resilience para apontar caminhos para a superação dos desafios sem precedentes para a oferta de uma vacinação global nos próximos dois anos.
O auge da primeira onda de infecções por covid-19 revelou vários desafios de logística de distribuição, particularmente relacionados aos equipamentos de proteção individual (EPIs). Apesar de todo o esforço dos setores produtivos, de distribuição e dos governos, as interrupções na cadeia de abastecimento causaram grandes dificuldades aos trabalhadores da linha de frente.
Além disso, problemas de qualidade do produto, capacidade restrita de transporte, regras e processos complexos que aumentam o risco de atrasos, desafios de armazenamento e transparência limitada em relação todos os níveis de estoque representaram entraves significativos.
Embora os suprimentos de EPI estejam fluindo melhor agora e outras questões tenham sido superadas, o trabalho para melhorar a cadeia de suprimentos de produtos médicos não chegou ao fim. O próximo desafio é garantir um abastecimento eficaz que seja capaz de conectar diversos locais de produção ao público e garantir a distribuição das vacinas em desenvolvimento.
Novas questões se colocam, como o armazenamento e o envio de vacinas em condições extremas de temperatura, a melhor maneira de organizar o abastecimento global para que as vacinas cheguem em tempo e de que forma as necessidades de diferentes áreas geográficas podem ser atendidas para garantir a sustentabilidade na entrega e na distribuição.
Uma questão importante a ser resolvida na distribuição das vacinas são a velocidade, a variedade e o ineditismo de métodos e mecanismos. As vacinas potenciais estão sendo desenvolvidas em diferentes plataformas, cada uma gerando resposta imune por meio de um mecanismo variado. Quatro das seis imunizações em estágio mais avançado, por exemplo, são fundamentadas em algo novo ou experimental, enquanto as outras duas são baseadas em plataformas tradicionais.
Cada plataforma virá provavelmente com requisitos diferentes para temperaturas de transporte e armazenamento. A capacidade de distribuição regional, bem como as embalagens e a sustentabilidade do transporte impactarão diretamente na eficácia da vacina.
Os governos precisam começar a definir estratégias e estruturas, em vez de realizar medidas para quando a crise chegar. Embora nem todas as atividades possam ser planejadas, um estudo de resposta estratégica pode determinar quais etapas ao longo de toda a cadeia de abastecimento devem ter um fim específico, como mecanismos de tomada de decisão e entidades de governança.
O estudo da DHL aponta que a colaboração público-privada e entre governos é fundamental para uma efetiva resposta da cadeia de suprimentos, uma vez que muitas emergências de saúde desconsideram fronteiras. Essas parcerias já provaram ser importantes para lidar com a escassez de suprimentos médicos no início da crise. Uma infraestrutura forte deve ser preparada, incluindo uma rede preestabelecida para armazenamento e transporte, pois pode ajudar a garantir um estoque suficiente de suprimentos críticos.
Por fim, a transparência da cadeia, com visibilidade em tempo real ao longo do abastecimento, será fundamental para atender às demandas da emergência de saúde global. Ferramentas de Tecnologia da Informação podem fornecer uma contabilidade atualizada do inventário e importantes informações preditivas sobre demanda futura e encaminhamento de remessa.
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Fonte: DHL, Universidade Johns Hopkins, Organização Mundial da Saúde (OMS), Bloomberg.