Há alguns anos o continente europeu enfrenta surtos da doença, que pode ter viajado até o Brasil
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O número de casos de sarampo no Brasil voltou a crescer, o que ocasionou a perda do selo de país livre da doença. Um dos principais fatores para a ocorrência de tantos infectados é a falta de aplicação da vacina tríplice viral (que corresponde a sarampo, caxumba e rubéola), já que no ano passado a taxa foi de 76%, bem distante dos 90% de imunizados que o País exibia há 5 anos.
Sarampo é uma doença extremamente contagiosa, bastando que um indivíduo contaminado tussa ou espirre sem proteção para que o vírus se espalhe e contamine quem esteja por perto; por isso a vacinação é tão importante, sendo contraindicada somente para gestantes, bebês com menos de 6 meses de idade e pessoas com imunodeficiências graves.
Segundo o Ministério da Saúde, foram enviados mais de 16 milhões de doses da vacina para todo o País, mas ainda assim o número de vacinados é baixo. Um indicador do tamanho desse problema é justamente a faixa etária que vem sendo a maior vítima do sarampo: jovens entre 15 anos e 29 anos de idade, público que foi o alvo das últimas campanhas de vacinação promovidas pelo governo.
No Estado de São Paulo, onde a taxa de vacinação caiu de 98% (2014) para 81%, os números da doença são alarmantes e vêm assustando a população. Dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostram que de janeiro até setembro foram registradas mais de 23 mil suspeitas de sarampo em todo o estado, com mais de 3,5 mil casos confirmados. Do restante, mais de 2 mil já foram descartados e 17 mil ainda estão sendo investigados.
O vírus encontrado em São Paulo, com o sorotipo chamado D8, é o responsável pelo surto atual; sua origem não pode ser definida com certeza, mas é provável que ele tenha sido trazido da Europa, continente que também tem sofrido com surtos da doença.
Outra possibilidade seria a Venezuela, foco da doença desde 2017 e que teve influência direta no surto que ocorreu nos estados do Amazonas e de Roraima em 2018. Assim, o que se pode afirmar é que há mais de um caminho de entrada do vírus no Brasil, o que preocupa, já que as últimas campanhas de vacinação não foram tão eficientes.
Fonte: USP, Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde.