Summit ESG ressalta o papel da tecnologia na busca por equidade na saúde

15 de junho de 2023 5 mins. de leitura
Summit ESG abordou como a pandemia impulsionou o uso da tecnologia para um acesso amplo aos recursos dos sistemas de saúde

O Summit ESG 2023, realizado pelo Estadão na quarta-feira (14), reuniu especialistas para debater os desafios para garantir a equidade no setor de saúde. Mais de 90% dos municípios das regiões Norte e Nordeste estão em situação de desigualdade no acesso aos serviços de medicina em comparação ao restante do Brasil.

A pandemia serviu como um exemplo claro do impacto da desigualdade social na equidade do acesso à saúde. Manaus, uma das capitais com pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), se tornou um epicentro da crise sanitária, apresentando a quinta maior taxa de mortalidade por covid-19 do País.

Por outro lado, o combate ao coronavírus mostrou como a inovação pode ampliar o atendimento médico. “A emergência que se tornou a pandemia também permitiu a utilização e a demonstração de que a tecnologia pode contribuir para a busca da equidade”, avaliou Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Telemedicina na ampliação do acesso à saúde

(Fonte: Summit ESG 2023/Reprodução)
“Nas capitais, não temos um problema muito grande de distribuição de médicos e leitos por pessoas, mas esse número varia muito quando vamos para o interior do Brasil”. (Fonte: Summit ESG 2023/Reprodução)

A regulamentação da telemedicina ocorreu no início da pandemia, em 2020. Com isso, os médicos puderam oferecer um cuidado mais abrangente e seguro aos pacientes. Além das consultas médicas, a tecnologia possibilitou o suporte emocional às pessoas, reconhecendo que a crise não estava apenas relacionada à saúde física, mas também à saúde mental.

A telemedicina envolve não apenas a conexão por vídeo entre médico e paciente, mas também a investigação e a percepção médica durante o atendimento. Por isso, o treinamento é importante para proporcionar uma ambientação adequada ao paciente, mesmo que virtualmente, para que ele se sinta acolhido durante a consulta.

Antes da pandemia, menos de 10% dos médicos utilizavam plataformas de prescrição digital. “Isso foi um desafio para que a gente pudesse expandir o atendimento”, relatou Fabio Tiepolo, CEO da Docway. Após a crise sanitária e as ações de formação dos profissionais de saúde, esse índice subiu para 70%.

Leia também:

Integração de dados para reduzir custos nos sistemas de saúde

O Eretz.bio, hub de inovação em saúde criado pelo Einstein, atraiu 2 mil startups nos últimos 5 anos. (Fonte: Summit ESG 2023/Reprodução)
O Eretz.bio, hub de inovação em saúde criado pelo Einstein, atraiu 2 mil startups nos últimos 5 anos. (Fonte: Summit ESG 2023/Reprodução)

A inteligência artificial (IA) pode ser utilizada para analisar e extrair informações de prontuários médicos eletrônicos de maneira estruturada. “Isso permite que qualquer sistema de saúde, como hospitais ou operadoras, possa se integrar e ter acesso aos dados dos pacientes de forma mais ágil e completa”, explicou Patricia Nader, líder de ESG e Investimentos de Impacto da Good Karma Partners.

Um dos principais benefícios dessa solução é o mapeamento e o diagnóstico precoce de doenças, como a diabete. Em um projeto-piloto da startup Neuralmed com uma operadora de saúde em uma cidade com 100 mil habitantes, foi possível descobrir que 4% dos pacientes eram diabéticos e não haviam recebido um diagnóstico anterior.

“Apenas com essa parcela, a operadora pode economizar R$ 50 milhões ao longo dos anos”, estima Nader. Com essas informações, é possível implementar ações de prevenção e cuidados específicos para esse grupo, melhorando o gerenciamento da doença e evitando complicações futuras, aumentando a eficiência da gestão de saúde ao reduzir seus custos.

Como a tecnologia pode melhorar o atendimento médico

Além de encurtar a distância entre o paciente e o atendimento, o uso de tecnologias, como a inteligência artificial e a saúde digital, permite realizar a gestão eficiente de espaços mais complexos do sistema de saúde, como o pronto-socorro e as salas de cirurgia. A tecnologia pode otimizar recursos e oferecer um atendimento mais personalizado aos pacientes.

Uma dinâmica que pode ser implementada é o chamado “fast track”, em que os pacientes que passam pelo pronto-atendimento virtual recebem uma credencial diferente para acessar o sistema de saúde. “Você consegue entender a gravidade daquele paciente e classifica o atendimento com maior ou menor prioridade a depender da criticidade”, explicou Tiepolo.

Essa abordagem pode evitar a sobrecarga do sistema e encaminha os casos mais graves para atendimento prioritário. Dessa forma, a tecnologia pode desempenhar um papel crucial na redução do desperdício, economizando o tempo dos profissionais de saúde e liberando os recursos para questões mais urgentes.

Quer conferir os painéis do Summit ESG 2023 na íntegra? Veja toda a programação, que está disponível gratuitamente no YouTube do Estadão.

Fonte: Summit ESG 2023

174120cookie-checkSummit ESG ressalta o papel da tecnologia na busca por equidade na saúde