Estudos apontam que os imunizantes têm menor eficácia diante da nova cepa, mas ainda são a melhor resposta diante da covid-19
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A variante Delta tem chamado a atenção de todo o mundo em razão da sua transmissibilidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Imperial College London (ICL), ela se espalha com o dobro de facilidade em relação ao primeiro coronavírus detectado, ainda em 2019, na China.
No Brasil, a notícia é recebida com preocupação. O País não finalizou a campanha de vacinação contra a covid-19 (apenas 29% da população recebeu duas doses) e há locais em que isso mal começou. Em Roraima, por exemplo, menos de 15% dos habitantes do estado estão completamente imunizados.
Além disso, a variante Delta faz surgir outras dúvidas: as vacinas são eficazes? O que fazer diante dos limites que apresentam? Saiba mais sobre o assunto e entenda por que as vacinas ainda são a melhor aposta contra a pandemia.
Os estudos da OMS e do ICL ainda são preliminares, portanto não foram revisados por pares e aplicados em grupos pouco heterogêneos, o que dificulta a generalização das conclusões. Mas, ao que tudo indica, a variante Delta é mais resistente às vacinas.
A pesquisa analisou os imunizantes da AstraZeneca, Pfizer e Moderna diante das mutações Alfa e Delta, as duas cepas mais comuns nos Estados Unidos e no Reino Unido. Para isso, foram testadas 750 mil pessoas, sendo que o resultado apontou que a variante Delta, além de mais transmissível, é mais eficiente em driblar a imunização.
A vacina Moderna teve os melhores resultados. No entanto, isso pode ocorrer em razão de ela ter predominantemente uma faixa etária mais jovem no recorte do estudo. Por isso, ainda é necessário testá-la com um grupo distribuído de maneira mais uniforme do ponto de vista etário.
A pesquisa apontou também que a Pfizer teve bons resultados a curto prazo, superiores à AstraZeneca. Mas que, com o passar do tempo, a curva se inverteu. No decorrer dos meses, foram os vacinados com a AstraZeneca que apresentaram a resposta mais eficaz diante da covid-19.
Uma pesquisa com o mesmo status que a anterior revelou que os dados preliminares permitem crer que a Coronavac ofereça uma boa resposta contra a variante Delta. Esse imunizante, que usa vírus inativado, seria capaz de proteger os vacinados em 77% dos casos (número próximo às demais cepas).
Outro ponto interessante observado pelos cientistas da OMS e do ICL é que as pessoas imunizadas com duas doses, com qualquer uma das vacinas, carregava a mesma carga viral do que não imunizados, no caso de infecção.
Como consequência, os pesquisadores apontam que isso dificulta a criação de uma imunidade de rebanho, ou seja, a obtenção de imunização coletiva que permita dispensar os demais cuidados sanitários, como ventilação, distanciamento e uso de máscara e álcool em gel.
A conclusão dos pesquisadores é que, mesmo que as vacinas tenham um efeito menor diante da variante Delta, a imunização permanece sendo fundamental. Cogita-se inclusive a aplicação de uma terceira dose, para maximizar a proteção.
Os Estados Unidos planejam vacinar sua população com a terceira dose, com início previsto ainda para o mês de setembro. A medida foi criticada, já que alguns países ainda estão muito atrasados na vacinação, o que daria brecha para o desenvolvimento de novas cepas mais agressivas, principalmente em indivíduos que não tiveram tempo de ser imunizados.
No Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo já anunciaram o início da aplicação da terceira dose. Mas, tal como em relação ao panorama global, a desigualdade no acesso aos imunizantes prejudica o enfrentamento ao vírus.
Fonte: Poder 360, Forbes, Estadão Saúde.