Variante indiana do novo coronavírus tem dupla mutação

14 de maio de 2021 4 mins. de leitura
A cepa L452R é considerada mais transmissível e gerou pico de novos casos no país

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Com medo da nova variante, a Índia será adicionada à lista vermelha de viagens do Reino Unido, segundo informações do The Guardian. Com o aumento de infecções no país, os cientistas relataram que, desde o dia 24 de março, o número de pessoas sequenciadas com a variante indiana subiu para 60%, sendo que antes era de 15% a 20%. 

Após o sequenciamento genético, duas mutações, chamadas de E484Q e L425R, foram encontradas. O Ministério da Saúde indiano alertou uma possível segunda onda, devido à nova variante nomeada B.1.617. 

A agência governamental Public Health England (PHE), do Reino Unido, está trabalhando para entender o quão perigosa é essa variante em circulação.

 O Ministério da Saúde indiano alertou o governo de uma possível segunda onda devido à nova variante, nomeada B.1.617. (Fonte: Shutterstock)
O Ministério da Saúde indiano alertou o governo de uma possível segunda onda devido à nova variante, nomeada B.1.617. (Fonte: Shutterstock)

O assunto interessa ao Reino Unido devido aos novos casos no país. De acordo com o The Guardian, foram 73 casos encontrados na Inglaterra, e quatro na Escócia. No dia 19 de abril, o número foi atualizado para 103 infectados. A maioria dos pacientes realizou viagens à Índia, mas alguns relataram que foram infectados por residir com pessoas que estavam em viagem ao país.

Para Jeffrey Barrett, líder de Genômica no Instituto Sanger, a variante já estava circulando a níveis baixos por meses na Índia e pode não ser tão transmissível quanto outras já identificadas. 

Restrições continuam

Cautela e medidas de proteção continuam fortes para prevenir o aumento de casos. (Fonte: Shutterstock)
Cautela e medidas de proteção continuam fortes para prevenir o aumento de casos. (Fonte: Shutterstock)

Até as pesquisas sobre a variante indiana serem concluídas e as respostas chegarem às autoridades, é preferível “pecar” pelo excesso de cuidados à população. 

Andrew Hayward, do Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências (Sage), comentou ao The Guardian que, embora as evidências de maior transmissibilidade e escape da imunidade até o momento sejam “circunstanciais” para a variante indiana, o melhor a se fazer é impor restrições de viagem para evitar novos casos.

Quem concorda com essa ideia é a agência governamental Health Canada, que encontrou passageiros infectados com o novo coronavírus em todos os 27 voos que chegaram ao Canadá vindos de Nova Delhi, na Índia, entre os dias 4 e 14 de abril.

Razões para o aumento do número de casos

Com a notícia da variante indiana, muitas pessoas se questionaram a respeito de como pode ter ocorrido o aumento dos casos em comparação à recente notícia de queda na curva das infecções. Ainda mais após o ministro da saúde da Índia, Harsh Vardhan, ter declarado no início de março que a pandemia estava em sua “fase final” no país.

Segundo informações da BBC, acredita-se que esse aumento ocorreu devido às eleições que foram realizadas em cinco estados indianos, em que cerca de 186 milhões de pessoas foram votar. 

Mesmo tendo iniciado a campanha eleitoral seguindo protocolos de seguranças e o distanciamento social, ainda não foi o suficiente para conter a situação. Em conjunto com as eleições, outro evento chamou a atenção. 

O críquete, esporte popular da Índia, teve duas partidas realizadas com público, em consenso com as autoridades do esporte. Mais de 130 mil torcedores participaram, sendo que a maioria estava sem máscara.

Após esses episódios, em menos de um mês os casos começaram a aparecer e se multiplicar. Para conter a situação, várias cidades passaram a decretar novos lockdowns.

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Fonte: The Guardian, BBC.

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