Para que os devidos cuidados com a saúde sejam tomados, é essencial que a relação entre médico-paciente seja clara
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Simpatia, sensibilidade e empatia são algumas das habilidades necessárias para um bom atendimento médico. A didática é um aspecto igualmente importante, mas nem sempre é lembrada. O termo, segundo o dicionário Michaelis, é definido como “técnica ou arte de ensinar, de transmitir conhecimentos”. No contexto da medicina, ela pode ser entendida como a capacidade do médico de orientar seus pacientes de forma que eles compreendam todas as recomendações.
Para realizar seu trabalho, os médicos precisam estudar muito, além de se manterem atualizados com relação às novas pesquisas de sua área. Em meio a tanto conhecimento, alguns conceitos podem parecer óbvios e corriqueiros.
Contudo, pela perspectiva do paciente, todas as palavras ditas pelo médico podem estar completamente fora de sua compreensão, principalmente se ele utilizar termos técnico-científicos durante a consulta. Levando isso em conta, é essencial que o profissional saiba como adaptar seu conhecimento para uma linguagem que seja acessível. Afinal, mais do que sair com uma receita em mãos, o paciente precisa compreender completamente o que foi dito pelo médico, de acordo com suas próprias referências.
E as referências de uma empresária pós-graduada e moradora de uma grande cidade provavelmente serão diferentes das de uma lavradora não alfabetizada da zona rural de um pequeno município. Ambas podem (e precisam) compreender seu diagnóstico e as orientações médicas, mas farão esse processo de compreensão de formas diferentes, de acordo com suas referências e seus contextos de vida. Logo, a explicação do médico também deve ser adequada a cada situação.
Um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Estadual do Ceará avaliou a opinião de médicos e pacientes sobre os atendimentos em uma Unidade de Saúde da rede pública de Fortaleza. Alguns profissionais relataram que é necessário ter muita paciência e repetir uma mesma recomendação de formas diferentes para que os pacientes compreendam. Por outro lado, os pacientes elogiaram muito mais os médicos que os tratam “de igual para igual”.
É interessante observar um atendimento, transcrito no estudo, em que uma médica explica de modo bastante simples o que é a tireoide, onde ela fica e em que ela influencia, para uma senhora com baixo grau de instrução. Sem surpresa, esse tipo de atendimento foi o mais bem avaliado pelos frequentadores da Unidade de Saúde.
Mas não é apenas em regiões pobres do Brasil que explicações mais acessíveis se fazem necessárias.
Em um tópico, em inglês, no fórum online Reddit, médicos e outros profissionais de saúde relataram as coisas mais “óbvias” que tiveram que explicar para pacientes. Embora algumas histórias pareçam exageradas, os comentários demonstram a relevância de esclarecimentos sobre alguns procedimentos comuns, como o modo correto de utilizar medicamentos por via oral, pois certos cuidados são realmente necessários antes de um procedimento, entre outros pontos.
Em resumo: por mais óbvia que uma questão seja para o médico, talvez seja preciso detalhá-la para o paciente.
O primeiro passo é ter empatia com o paciente: colocar-se em seu lugar e procurar entender como ele pode assimilar melhor as informações. Um profissional de saúde pode atender vários perfis, então é essencial boa percepção para saber lidar com todos eles.
Em segundo lugar, é interessante evitar termos técnico-científicos complicados, já que eles podem não fazer sentido para quem não é da área. Use analogias e procure dar exemplos práticos, se possível adaptando-os para o contexto da pessoa que está sendo atendida.
Outra técnica indicada para melhorar o entendimento no consultório é a Comunicação S.C.O.T. Essa metodologia é muito utilizada no atendimento a clientes em empresas, mas pode muito bem ser adaptada para os consultórios médicos. De acordo com ela, quem lida com o público precisa sempre falar com segurança, clareza, objetividade e transparência.
Por fim, é válido observar também que essas técnicas são desenvolvidas com o tempo, conforme o profissional passa por diferentes situações e analisa o que funciona ou não com seus pacientes. Vale lembrar, ainda, que sempre é possível procurar cursos livres para aprender novas técnicas de atendimento.
Fontes: My Start Clinic, Reddit, Revista Physis.