Esse modelo de colaboração pode ser a chave para enfrentar a sobrecarga do sistema de saúde, defendem A população brasileira cresce – em um ritmo menos acelerado do que no passado, é verdade – mas, ao mesmo tempo, envelhece em velocidade nunca antes vista. Isso culmina, para o sistema de saúde, em um desafio duplo, […]
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A população brasileira cresce – em um ritmo menos acelerado do que no passado, é verdade – mas, ao mesmo tempo, envelhece em velocidade nunca antes vista. Isso culmina, para o sistema de saúde, em um desafio duplo, ou seja, atender a demandas de ambos os lados da pirâmide etária. Como, então, fazer isso e vencer as famosas filas por exames e atendimentos?
Para especialistas que participaram do Summit Saúde e Bem-Estar, promovido pelo Estadão nesta segunda-feira, 14, as parceria público-privadas (PPPs) podem ser parte da resposta. “É importante o público e o privado caminharem juntos, porque senão a gente não vai conseguir, de maneira nenhuma, fazer com que o sistema de saúde como um todo, privado e público, consiga atender esses 210 milhões de habitantes”, defendeu Antonio José Rodrigues Pereira, superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
“Na pandemia de covid-19, ficou demonstrada a importância do SUS, mas também a importância do SUS trabalhar junto com os hospitais privados, e o privado como um todo. Estamos aqui (neste painel) com o (Hospital Israelita Albert) Einstein e com o (Hospital) Oswaldo Cruz, que foram extremamente importantes para que a gente conseguisse atender os mais de 15 mil pacientes que passaram pelo HC”, continuou.
Guilherme Schettino, diretor de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor de Ensino do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross), as PPPs são um “modelo jovem”. “Estamos experimentando essa oportunidade de parceria nos últimos 20 anos.”
Segundo Schettino, elas podem seguir várias formas:
Para Maria Carolina Gomes, diretora executiva de Pessoas, Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, uma das grandes vantagens do modelo é a possibilidade de reunir a experiência de serviços do ente privado e aportar esse conhecimento no SUS.
Para Schettino, a vantagem é levar a excelência de gestão do setor privado, com preocupação com a satisfação do paciente, para o setor público. “Levar o olhar para satisfação do usuário. Perguntar para o usuário se ele foi bem atendido, pedir sugestões em relação ao atendimento que recebeu”, fala.
Outra vantagem, segundo ele, é a possibilidade de levar tecnologia, como telemedicina e cirurgias robóticas, que funcionaram na saúde suplementar.
Para Maria Carolina, a vantagem para o setor privado é o desenvolvimento de pessoas. “Porque, nessa parceria, há um compartilhamento de práticas (entre o setor público e privado).”
Nesse sentido, Schettino destaca que o setor privado tem muito a aprender sobre atenção primária, isto é, a porta de entrada do sistema de saúde, com o SUS.
Ele destaca que outra grande vantagem é a possibilidade de, no caso de instituições privadas filantrópicas, exercer o seu “propósito de contribuir com o SUS, com a melhora da saúde da população brasileira”. “Isso é muito importante, é muito caro para cada uma das nossas instituições.”
Embora seja um modelo jovem, os anos de experiência já permitiram entender um pouco melhor quais os modelos de contrato são mais proveitosos. Para Schettino, em vez de, nas licitações, focar na proposta de menor custo, o ideal é olhar para a qualidade do serviço.
“Um exemplo é quando o Estado, na hora de contratar, usa uma consultoria para definir qual é o custo da operação daquela unidade e usa esse valor no edital de licitação. Na hora de contratar, então, leva em conta quem, dentro desse valor, consegue oferecer o melhor serviço. Com isso, está pensando na melhor qualidade de atendimento, que vai gerar os melhores indicadores de saúde, na melhor satisfação para o usuário, e em empresas que cuidam adequadamente do seu funcionário”, explica.
Foto: Tiago Queiroz/Estadão