Estudo relaciona saúde mental de médicos a programas de residência

22 de outubro de 2019 3 mins. de leitura
Pesquisa foi desenvolvida por uma médica brasileira na Universidade de Michigan e acompanhou mais de 1,2 mil residentes

A saúde mental dos médicos tem influência determinante do programa de residência frequentado no primeiro ano do treinamento médico. Foi isso o que indicou um estudo desenvolvido pela médica brasileira Karina Pereira Lima, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

A pesquisa teve como objetivo entender as associações entre as variáveis dos programas de residência — como estrutura organizacional, carga de trabalho e ambiente de aprendizagem — e o desenvolvimento de sintomas depressivos pelos residentes durante o período. Os resultados mostraram que residentes de alguns programas específicos eram mais propensos a desenvolverem esses sintomas. O trabalho foi publicado no periódico Academic Medicine.

Mais de 1,2 mil novos médicos foram ouvidos durante o estudo

Karina chefiou o estudo quando fazia parte da equipe do professor Srijan Sen. Atualmente, ela é pesquisadora na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), uma das mais renomadas do mundo.

O trabalho acompanhou 1.276 residentes de 54 programas de residência norte-americanos. Para que os dados pudessem ser colhidos e analisados, os participantes responderam a questionários antes de ingressarem na residência e, depois, a cada 3 meses.

O estudo fez parte de uma pesquisa maior, a Intern Health Study (Estudo de Saúde de Residentes, em tradução livre), que avalia fatores como o estresse e o humor em residentes de Medicina de instituições nos Estados Unidos e na China — registrando mais de 3 mil novos residentes a cada ano.

O objetivo do estudo é melhorar a compreensão dos fatores psicológicos, genéticos e programáticos envolvidos no desenvolvimento da depressão entre novos médicos, de forma que seja possível que os programas de residência façam uma mudança real na experiência dos alunos.

Longas jornadas de trabalho estão entre os fatores determinantes para a saúde mental

De acordo com os dados levantados pela pesquisa desenvolvida pela doutora e pesquisadora Karina Pereira Lima e sua equipe, os seguintes fatores são os que mais abrem a possibilidade para o desenvolvimento de problemas relacionados à saúde mental: programas de residência em medicina interna; programas com maior jornada de trabalho; programas nos quais o corpo docente dá menos feedback sobre o trabalho dos residentes; e experiências menos valiosas em rodízios de treinamento.

Os pesquisadores chegaram à mesma conclusão quando levaram em consideração apenas os programas que formam médicos com o objetivo de seguirem em carreiras focadas em pesquisa.

Karina acredita que, após o estudo, possa haver mudanças nos programas de residência. “Esses dados podem sugerir mudanças para os programas de residência e provocar a redução dos riscos de depressão nesses médicos”, comentou a pesquisadora, reafirmando o papel central dos programas de residência médica na saúde mental de seus participantes.

Um trabalho semelhante foi realizado por Karina no Brasil, com a equipe do Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. A pesquisa foi publicada pela Revista Brasileira de Psiquiatria.

Fontes: Revista Brasileira de Psiquiatria, Jornal USP, Intern Health Study.

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